Stephen King e filho acertam ao fechar ação em prisão feminina

Stephen King tem recebido mais elogios em livros como “11.22.63” e “Mr. Mercedes”, em que foge do horror sangrento de sua produção inicial dos anos 1970 e 1980. “Belas Adormecidas” fica no meio do caminho. Há um mistério difícil de destrinchar e sequências violentas, mas o terror vem mais de uma angústia lenta e crescente diante de um mal inexorável. Imaginar o que aconteceria ao mundo se um dia todas as mulheres dormissem e não mais acordassem poderia render inúmeros desenvolvimentos. O acerto de King e seu filho Owen foi escolher, além da habitual cidadezinha como as que sempre são cenários dos romances do pai, uma penitenciária feminina para concentrar a ação. Conseguem assim espaço para um grupo diversificado de vítimas da misteriosa doença. O livro não tem exatamente um protagonista, um herói que conduza a história e concentre atenções. Como uma novela de TV brasileira, são vários personagens, em núcleos que se misturam. King no Cinema – A avaliação dos cinéfilos para filmes baseados em livros do escritor Quem poderia reivindicar a condição de personagens principais? Talvez o casal Clint e Lila Norcross. Ele é o psiquiatra do presídio. Ela, a chefe de polícia de Dooling. As mulheres de qualquer idade, até bebês, dormem e desenvolvem um casulo em volta da cabeça, feito de algo parecido com fios de teia de aranha que brotam de seus cabelos. Quando os homens retiram esse “capacete” de gosma, as mulheres acordam com fúria assassina. Depois de cometerem alguns atos escabrosos, voltam a dormir. “Belas Adormecidas” insere nesse cotidiano de horror Evie, garota maluquinha que aparece em Dooling e é capaz de dormir e acordar seguidamente, sem ser afetada pela doença do sono. Capítulos de narrativa fantástica ligam Evie a animais da floresta, aproximando o personagem da Eva bíblica. O leitor pode embarcar nesse devaneio ou ficar mais atento ao dia a dia na prisão. Qualquer opção de leitura é bom entretenimento. * BELAS ADORMECIDAS (muito bom) QUANTO: R$ 74,90 (728 págs.), em pré-venda; lançamento em 16/10 AUTOR: Stephen e Owen King TRADUÇÃO: Regiane Winarski EDITORA: Suma de Letras