Com obra de Calder, Instituto Moreira Salles inaugura nova sede em SP
Após quatro anos de obras e atraso que levou ao adiamento da inauguração em agosto, o Instituto Moreira Salles abre as portas nesta terça (19) para convidados e nesta quarta (20) ao público sua nova sede paulista. O local abrigará três exposições temporárias. A coleção “Os Americanos” do fotógrafo suíço Robert Frank, “Corpo a Corpo”, que conta com imagens que tratam de conflitos sociais brasileiros, assinadas por Bárbara Wagner, Jonathas de Andrade, Letícia Ramos, a artista Sofia Borges e os coletivos Mídia Ninja e Garapa. A última mostra é a videoinstalação do americano Christian Marclay, premiada com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza há seis anos. “The Clock” é um filme que costura cenas de cinema que mostram cada minuto de um dia –o horário na tela sempre corresponde à hora no relógio do espectador, criando a estranha sensação de ver o tempo passar ao vivo na ficção, com a artificialidade de Hollywood. Além das exposições, o prédio conta com ensaios como o do fotógrafo alemão Michael Wesely, conhecido por usar técnica com longa exposição que condensa diversos momentos em uma única fotografia. Durante dois anos, deixou suas câmeras captarem a construção do instituto. “É muito trabalhoso”, diz o fotógrafo sobre o processo no qual um simples toque no equipamento pode colocar o processo inteiro a perder. O resultado pode ser contemplado na cobertura, que conta com quatro fotografias em diferentes ângulos do projeto. Antes, o IMS tinha uma sede de seu centro cultural na rua Piauí, em Higienópolis. Orçada inicialmente em R$ 80 milhões, a construção do instituto custou R$ 150 milhões, de acordo com o diretor-geral, Flávio Pinheiro. CALDER NO IMS Em uma parceria com o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), o IMS abrigará a obra “Viúva Negra” de Alexander Calder. O contrato custará R$ 150 mil ao centro, que terá o direito de exposição da obra durante um ano. O IAB planeja levar no próximo semestre uma mostra de cinema sobre arquitetura e cidades, para debater o papel da imagem audiovisual. Em meados de 2018, o instituto já planeja expor dois grandes nomes da fotografia. A primeira é a mostra que celebra o centenário do americano Irving Penn (1917-2009), conhecido pelos ensaios de moda e retratos. Seydou Keita, um dos pilares da fotografia africana, também está no radar do ano que vem, com mostra realizada em seu estúdio na capital do Mali. Nela, registra a sociedade, os costumes e o vestuário do país. LIBERDADE É POUCO A inauguração do instituto acontece uma semana após o encerramento prematuro da mostra “Queermuseu”, exposta no Santander Cultural de Porto Alegre, após críticas ao conteúdo sexual das obras. Para Flávio Pinheiro, que comanda um acervo com mais de 2 milhões de imagens, o IMS possui diferentes tipos de artistas com um claro apreço à liberdade de expressão e citou frase de Clarice Lispector. “Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome”. * INSTITUTO MOREIRA SALLES ONDE: Avenida Paulista, 2.424 QUANDO: abre nesta quarta (20); de ter. a dom., das 10h às 20h; qui. das 10h às 22h; feriados (exceto às segundas), das 10h às 20h QUANTO: grátis