No Rio, Temer ignora denúncia e prefere agenda positiva

Em visita ao Rio nesta sexta (15), o presidente Michel Temer preferiu ignorar a denúncia feita na quinta (14) pela Procuradoria-Geral da República e optou pela agenda positiva. Temer visitou o Instituto Estadual do Cérebro e, ao lado do governador Luiz Fernando Pezão, anunciou a liberação de recursos para a saúde no Rio. Em seu discurso, Temer propôs um esforço conjunto com o governo do Rio para concluir as obras do instituto, referência no tratamento de doenças neurológicas. “O Estado põe um pedacinho, a União põe um pedação e podemos concluir”, disse ele. De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a obra demandaria R$ 23 milhões. Com a expansão, o instituto ganha mais 100 leitos e uma área infantil. REPASSE Durante o evento, Barros anunciou a ampliação, de R$ 45 milhões para R$ 70 milhões anuais, do repasse de verbas federais para custeio do instituto. O ministro anunciou ainda a liberação de R$ 113 milhões em emendas parlamentares para a área de saúde no Rio. O presidente não deu entrevista e deixou o Rio rumo a São Paulo, onde cumprirá agenda particular. No evento, ele estava acompanhado pelo secretário do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), Moreira Franco, que também foi denunciado pela PGR acusado de organização criminosa. Em nota divulgada na quinta, o presidente disse que a denúncia é “realismo fantástico em estado puro” e que Janot “ignora deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as delações sobre as quais se baseou”. * Quem foi denunciado pelo procurador-geral da República nesta quinta (14) presidente da República Sob a acusação de organização criminosa O presidente, segundo a PF, tinha poder “tanto para indicações em cargos estratégicos quanto na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais” Sob a acusação de obstrução da Justiça O presidente Temer, segundo a denúncia, deu aval para a compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro A JBS seria a responsável por fazer os pagamentos para manter os dois calados sobre os esquemas ilícitos: sócio da JBS executivo da JBS Os demais integrantes da ‘organização criminosa’ apontada pelo relatório atuavam como os operadores que executavam ações sob controle e gerenciamento de Temer: ex-deputado e ex-ministro Foi preso em Salvador após a descoberta de um “bunker” onde estavam R$ 51 milhões em malas e caixas ex-deputado e ex-ministro Foi preso em junho, sob a suspeita de receber suborno na construção do estádio construído em Natal para a Copa do Mundo? ex-deputado federal Está preso em Curitiba e negocia um acordo de delação premiada ministro da Casa Civil É acusado de receber R$ 10 milhões da Odebrecht, segundo delação da empresa ex-deputado federal Ficou conhecido como “o homem da mala”, após ser filmado correndo com a bagagem contendo R$ 500 mil em ‘propinas’ da JBS ministro da Secretaria-Geral Foi citado 34 vezes na delação premiada de um dos executivos da Odebrecht, que o acusou de ter recebido dinheiro para defender os interesses da empreiteira