Leste europeu é novo paraíso das montadoras de automóveis

Os países do leste europeu, onde muitas montadoras de automóveis têm suas fábricas instaladas, se tornaram um novo paraíso para o setor graças ao crescimento econômico que alimenta as vendas. “O que funciona melhor na Europa é o leste europeu”, explica Laurent Petizon, especialista da consultora AlixPartners de Frankfurt, onde nesta semana ocorre o Salão do Automóvel. No primeiro trimestre de 2017 as vendas de carros aumentaram 14% em relação ao ano anterior nesta região do Velho Continente, a um total de 698 mil unidades, segundo a consultora Jato. A Polônia se tornou o sétimo mercado europeu em volume, com vendas no primeiro trimestre que superam os 15,5% por ano, mais do que a média europeia, com um total de 277 mil unidades. E em 2017 o leste europeu, que inclui os países que faziam parte da antiga União Soviética, deve alcançar um novo recorde de vendas: 1,3 milhão de veículos. O aumento corresponde a um crescimento de 10% por ano, um pouco menor do que os 16% do ano passado, aponta Ferdinand Dudenhöffer, do instituto especializado CAR, com sede em Duisburg, na Alemanha. No entanto, é um crescimento muito superior aos 3% das vendas nos países da Europa ocidental. “As razões deste aumento no leste são o crescimento econômico da região e o fato de que está relativamente pouco equipada de veículos de motor”, indica o especialista. “Na Romênia e Bulgária ainda há muita margem”, confirma Laurent Petizon. FÁBRICAS MELHORES, MENOS CUSTOS Junto com o aumento das vendas, muitas montadoras investiram em plantas e fábricas na área, aproveitando os custos de mão de obra, inferiores aos da Europa ocidental. O fabricante tcheco Skoda, do grupo Volkswagen, domina as vendas na região —17% do total—, mas compete com a marca Volkswagen (10%) e com os carros da japonesa Toyota. A Renault-Nissan também está presente com sua marca Dacia, fabricante do Duster, e a PSA aproveita o empurrão da Opel, que já fabrica carros na Hungria e Polônia. A Jaguar Land Rover também prevê abrir uma fábrica na Eslováquia no ano que vem graças a um investimento de mais de um € 1 bilhão. As marcas não europeias também começam a se situar no mercado do leste europeu, com a coreana Kia que, junto com a Hyundai, entrou com força na República Tcheca e Eslováquia. “Os mercados do leste europeu ainda não chegaram à maturidade como os do oeste. Como a maioria dos países não tem marcas próprias, seus consumidores têm curiosidade sobre o que chega”, explica Michael Cole, responsável da Kia na Europa, “e isso nos permite tomar posições mais facilmente”. A Kia já representa 6% das vendas de carros na região, segundo dados da companhia, graças, sobretudo, ao 4×4 Sportage. Esse tipo de carro, também conhecido como SUV, representou quase um terço das vendas entre janeiro e junho de 2017, um crescimento de 32%, muito superior aos 10% para outros modelos. Assim como em toda a Europa, as vendas de carros a diesel no leste caíram e representam 37% do mercado, diante dos 60% a gasolina.