Investigação sobre acordo com Bertin ganha munição

As novas relevações feitas por Joesley Batista em sua delação premiada devem dar mais munição às investigações da Receita Federal e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre a Blessed. O fisco entende que o valor do Bertin no negócio foi inflado artificialmente e que a operação foi uma aquisição, e não uma fusão. Para os técnicos da Receita, a JBS não teria direito ao ágio de cerca de R$ 8 bilhões gerado pela operação, que é a diferença entre a avaliação do Bertin no negócio (R$ 12 bilhões) e o valor patrimonial da empresa (R$ 3,9 bilhões). Na época, a lei permitia que o ágio fosse descontado do Imposto de Renda da JBS à medida que a empresa gerasse lucro. Contatada, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional não se manifestou. Os Bertin já levaram uma multa de R$ 4 bilhões por causa da operação. O entendimento da Receita, referendado pelo Carf (tribunal que julga pendências tributárias), é que a família utilizou a operação para adiar o pagamento do Imposto de Renda. A CVM também instaurou uma investigação sobre quem são os controladores da Blessed. A autarquia quer saber se a offshore foi utilizada para inflar o valor do Bertin e diluir os acionistas minoritários. Os advogados dos Batista argumentam que isso não ocorreu e que avaliação foi feita por uma empresa renomada. A J&F, que congrega os negócios dos Batista, afirma que “não existe uma questão fiscal por trás da Blessed”. Por meio de nota, o BNDES informou que as operações com a JBS estão sendo avaliadas por uma comissão interna. “A diretoria do BNDES e seus empregados são os principais interessados na apuração de eventuais fatos ocorridos.”