Em reviravolta, Trump consegue paralisar acusações criminais após ser eleito presidente; veja a situação de cada caso

Promotoria dos EUA pede arquivamento de dois processos criminais contra Trump
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, vive um bom momento diante das batalhas que trava na Justiça. Se há alguns meses corria o risco de ser preso, agora vê processos serem arquivados ou adiados.
Os Estados Unidos possuem uma política no Departamento de Justiça que impede que um presidente que esteja no cargo seja alvo de acusações judiciais. O entendimento é que processos criminais possam prejudicar a capacidade do chefe do Executivo de governar.
Trump foi alvo de quatro processos criminais que o colocaram sob a ameaça da prisão. No entanto, três casos acabaram recebendo uma espécie de trava após o republicano ser eleito. Um outro já estava paralisado antes do pleito. Confira o resumo abaixo.
Veja os detalhes de cada um dos casos a seguir.
Ataque ao Capitólio

Em 6 de janeiro de 2021, uma multidão invadiu o Capitólio, sede do Legislativo dos EUA — Foto: Reuters/Via BBC
Em 6 de janeiro de 2021, uma multidão invadiu o Capitólio, sede do Legislativo dos EUA — Foto: Reuters/Via BBC
Em novembro de 2020, Trump foi derrotado por Joe Biden nas eleições presidenciais. À época, o então presidente se recusou a reconhecer a derrota e alegou fraude, sem apresentar provas.
De acordo com a acusação, o ex-presidente sabia que suas alegações a respeito das eleições eram mentiras, mas as repetia mesmo assim “para criar uma atmosfera intensa de falta de confiança e raiva e, assim, erodir a confiança pública na condução das eleições”.
Segundo o promotor Jack Smith, o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021 foi motivado pelas mentiras de Trump, que queria tentar anular o resultado das eleições para permanecer no poder.
No dia do ataque, a vitória eleitoral de Biden estava sendo formalmente certificada no Capitólio. Apoiadores de Trump interromperam a sessão e ameaçaram o então vice-presidente Mike Pence.
Trump foi acusado formalmente de participar de três conspirações para cometer crimes:
- conspiração para fraudar os Estados Unidos;
- conspiração para obstruir um procedimento oficial;
- conspiração contra os direitos dos americanos.
Ele também respondia por obstrução ou tentativa de obstrução de um procedimento oficial. Trump nega que tenha cometido os crimes.
Jack Smith pediu o arquivamento da acusação após Trump ser eleito por causa da política do governo norte-americano. A Justiça acatou o pedido.
Interferência eleitoral

Apuração dos votos da eleição americana em Atlanta, na Geórgia — Foto: REUTERS/Brandon Bell
Apuração dos votos da eleição americana em Atlanta, na Geórgia — Foto: REUTERS/Brandon Bell
Trump e outras 18 pessoas foram acusados de extorsão por tentarem reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020 no estado da Geórgia.
A investigação que levou às acusações começou em fevereiro de 2021, após o vazamento do áudio de um telefonema entre Trump e Brad Raffensperger, secretário da Geórgia e principal funcionário eleitoral do estado.
Na gravação, Trump pressionou o funcionário por uma recontagem para “encontrar 11.780 votos”. Ele afirmou ainda que tinha vencido no estado, mas sem apresentar provas. Joe Biden acabou sendo declarado vencedor.
O caso travou após a defesa tentar por diversas vezes desqualificar a promotora Fani Willis por um suposto relacionamento com Nathan Wade, que foi o promotor que ela nomeou para o caso.
Documentos sigilosos

Imagem contida em um relatório apresentado em 30 de agosto de 2022 pelo Departamento de Justiça, e editado em parte pelo FBI, mostra documentos apreendidos durante a busca em 8 de agosto na propriedade do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago , na Flórida. — Foto: AP/Jon Elswick
Imagem contida em um relatório apresentado em 30 de agosto de 2022 pelo Departamento de Justiça, e editado em parte pelo FBI, mostra documentos apreendidos durante a busca em 8 de agosto na propriedade do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago , na Flórida. — Foto: AP/Jon Elswick
Trump foi acusado de ter levado para a casa dele, na Flórida, documentos sigilosos que deveriam ter ficado na Casa Branca após o fim do primeiro mandato presidencial, em 2021.
A acusação formal é que ele reteve documentos importantes de segurança nacional na mansão dele em Mar-a-Lago, na Flórida e, além disso, obstruiu as tentativas do governo federal de reaver esses documentos.
Duas semanas depois, a juíza que cuidava do caso encerrou o processo.
O promotor Jack Smith entrou com um recurso para que o caso fosse reaberto, mas desistiu da ação nesta semana.
Fraude contábil

Manchete do jornal “The New York Times” após condenação de Donald Trump no caso Stormy Daniels. — Foto: REUTERS/Stephani Spindel
Manchete do jornal “The New York Times” após condenação de Donald Trump no caso Stormy Daniels. — Foto: REUTERS/Stephani Spindel
Segundo as investigações, o republicano queria evitar um impacto negativo na campanha presidencial de 2016, quando foi eleito presidente pela primeira vez.
Segundo as investigações, o advogado Michael Cohen adiantou o dinheiro à atriz com recursos próprios. Ele teria recuperado o valor mais tarde por meio de uma série de pagamentos que a empresa de Trump registrou como despesas legais.
O republicano, que já estava na Casa Branca, assinou a maioria dos cheques pessoalmente. Os promotores afirmaram que tudo foi feito para ocultar o verdadeiro propósito dos pagamentos.
O presidente eleito disse que o advogado dele foi pago legalmente pelos serviços prestados. Ele justificou ainda que a história de Stormy Daniels foi abafada para evitar constranger sua família, e não para influenciar o eleitorado.
Diante da vitória de Trump, os promotores rejeitaram um pedido dele para que a condenação fosse anulada. Por outro lado, de acordo com a imprensa norte-americana, a promotoria de Nova York reconheceu que dificilmente o republicano será sentenciado enquanto estiver na Presidência.