Com dólar acima de R$ 6, Copom deve acelerar o ritmo da alta de juros nesta quarta

Banco Central deve subir o juro básico da economia pela terceira vez seguida nesta quarta — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Banco Central deve subir o juro básico da economia pela terceira vez seguida nesta quarta — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (11) e deve acelerar novamente o ritmo de elevação dos juros básicos da economia. A decisão será anunciada após as 18h.
- De acordo com projeção do mercado financeiro, com base no relatório Focus, do BC, que ouviu mais de 100 bancos na semana passada, a Selic deve subir para 12% ao ano nesta quarta, uma elevação de 0,75 ponto percentual.
- Entretanto, os contratos de opções (um tipo de aposta) embutem, em sua maioria, um aumento maior ainda: de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Esse foi o patamar da taxa em janeiro de 2023, no início do governo Lula.
- Se confirmado, esse será o terceiro aumento seguido, e o maior desde março de 2022, ou seja, em quase três anos, quando a taxa subiu também um ponto percentual.
“Ao longo dos últimos meses, testemunhamos um crescente de incerteza e aversão a risco. Parte dessa pressão decorreu do contexto externo, mas foi também bastante impulsionada pelo anúncio de um ajuste fiscal que, pelo menos em um primeiro momento, frustrou os analistas independentes”, avaliou o Itaú, em comunicado.

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Disparada do dólar
De maneira geral, a taxa de câmbio pode ter influência nos preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.

Alta do dólar impacta em diversos setores da economia brasileira
De acordo com o estudo “O impacto cambial no consumo dos brasileiros e a necessidade de diversificação internacional”, do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGVcef), a taxa de câmbio tem um impacto significativo sobre a inflação em diversos segmentos, com variações que se traduzem em aumentos de preços ao consumidor.
“Esse impacto é muitas vezes subestimado pelo investidor, que não enxerga diretamente como a inflação setorial está conectada ao câmbio”, diz o estudo, que recomenda investimentos em ativos que protejam contra a desvalorização cambial, como parte de uma estratégia de diversificação.
A alta da moeda norte-americana, por sua vez, tem relação com o crescimento das dúvidas sobre o controle de gastos públicos, tarefa a cargo dos Ministérios da Fazenda e Planejamento, além de incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos. Com juros mais altos nos EUA, o dólar sobe mais no Brasil.
Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, a instituição já está mirando na meta considerando o primeiro semestre de 2026.
- A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%;
- A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida;
- Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 4,84% (acima do teto da meta anual) e, a de 2025, 4,59% (também acima do teto da meta), e de 4% em 2026.
- Em setembro, o Banco Central estimou que as projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência estavam em 4,3% em 2024, 3,7% em 2025 e 3,3% em 2026.
Efeitos na economia
De acordo com especialistas, uma taxa de juros maior no Brasil tende a ter algumas consequências na economia. Veja abaixo algumas delas:
▶️ Reflexo nos juros bancários: a tendência é que a alta da queda da Selic influencie as taxas cobradas dos clientes bancários. Em outubro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas somou 40,2% ao ano, o maior nível desde março de 2024 (40,4% ao ano).
▶️ Crescimento da economia: com juros mais altos, a expectativa é de um comportamento mais contido do consumo da população e, também, de mais dificuldades aos investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Nos últimos meses, porém, os dados de atividade têm surpreendido positivamente.
▶️ Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, terão um rendimento maior, com o passar do tempo, do que seria registrado com juros mais baixos. Isso contribui para diminuir a atratividade do mercado acionário.