Vaquinha arrecada mais de R$ 350 mil para alpinista voluntário no resgate do corpo de Juliana Marins

‘Herói’, ‘guerreiro’: brasileiros elogiam voluntário de resgate de brasileira
A meta inicial era de R$ 100 mil, mas o valor foi atualizado para R$ 200 mil em cerca de uma hora. O site organizador, o Razões Para Acreditar, explicou que dobrou a meta porque Agam prometeu dividir o dinheiro com a equipe. Ao passar de R$ 200 mil, a meta subiu novamente, para R$ 350 mil, valor que foi alcançado pouco depois das 20h – o início foi às 14h.
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Agam, alpinista e guia na Indonésia — Foto: Redes sociais
Agam, alpinista e guia na Indonésia — Foto: Redes sociais
Além da vaquinha, Agam também tem recebido doações via transferência direta desde quarta-feira, quando sua conta foi divulgada em redes sociais após internautas insistirem durante uma transmissão ao vivo.
No início, ele não quis passar e disse que fez tudo de coração, pois esse é o trabalho dele, mas acabou concordando ao dizer que ia compartilhar a verba com outros socorristas e também usaria a verba para reflorestar montes na Indonésia.
. Agam já atuou em diversos resgates. Dessa vez, ele e o guia Tyo se voluntariaram e foram por conta própria para o Monte.
“Essa vaquinha é um agradecimento. Um abraço do Brasil inteiro para um homem que fez o impossível — só para que uma família pudesse se despedir da filha”, afirma o texto da vaquinha.
O texto ressalta a compaixão que Agam teve: ele passou uma madrugada inteira pendurado na rocha ao lado do corpo de Juliana, para evitar que ela deslizasse desfiladeiro abaixo e se perdesse novamente. Ele afirma que não sabe como não morreu de frio.
O dono da página Razões para Acreditar destacou que teve a autorização do Agam para mobilizar a vaquinha já que muitos brasileiros estavam com dificuldades de fazer transações bancárias, já que na Indonésia eles não usam PIX e se trata de uma transferência internacional.
Mais cedo, a brasileira Julia Thum já tinha repassado um montante de mais de R$ 5 mil para a conta de Agam. Em uma live feita nessa quarta-feira (25), o alpinista disse que dividiria o valor recebido com os colegas resgatistas e que a parte dele seria investida em reflorestamento nos montes da Indonésia.
“Ele agradeceu de coração todos vocês e pediu desculpas por não ter conseguido trazer a Juliana de volta e que fez o melhor que ele podia. Infelizmente, os resgates do Rinjani são os mais difíceis. Ele pediu desculpa e disse que foi o máximo que conseguiu fazer.”
Alpinista diz que sabia que podia morrer em resgate
Agam abriu uma live no Instagram nesta quarta-feira (25) junto a uma indonésia que sabe falar português para traduzir suas mensagens para os brasileiros.
“Podíamos cair a qualquer momento’”, disse.
“A situação é muito trágica e ficou na memória do Agam. Foi muito duro. Em algum momento, várias vezes o suporte de quem estava lá no topo desabou. Isso provocou a queda de pedras e areia várias vezes. Só por misericórdia de Deus eles não morreram”, afirmou a tradutora.
De acordo com a explicação, a ancoragem das cordas nas quais eles estavam presos estava se soltando do solo. Eles precisavam do equipamento para descer com segurança.
“Ele disse que não sabe como eles conseguiram resistir e que estava muito, muito frio. Ele disse que ele e os outros 7 resgatistas sabiam que se chovesse um pouco mais, eles morreriam juntos”, traduziu ela.
Tyo publicou um vídeo que mostra como a equipe de resgate passou a noite no penhasco, próximo ao corpo de Juliana (veja abaixo).
“Depois de confirmar que a vítima havia morrido, nossa equipe combinada de voluntários a protegeu e passou a noite em um penhasco vertical íngreme com condições rochosas instáveis a 3 metros da vítima, enquanto esperava outra equipe para retirá-la de cima”, diz o post.

Alpinista mostra como equipe de resgate passou a noite em penhasco na Indonésia
Agam só alcançou o ponto onde o corpo estava quando o dia já tinha escurecido. Então, ele passou a madrugada segurando a vítima no local para que o corpo dela não escorregasse mais.
Desse momento até a chegada do corpo dela no hospital, foram 15 horas de trabalho sem uma alimentação adequada e no frio intenso.

Vídeo mostra içamento do corpo de Juliana Marins de penhasco
Além do frio, a neblina constante atrapalhava a visibilidade da equipe. Segundo Agam, ele só conseguia ver a uma distância de 5 metros.
No início, ao se voluntariar para o resgate, Agam declarou que só sairia do local quando a jovem também saísse.
Apesar de os socorristas não terem chegado a tempo de salvar a brasileira, por falta de equipamentos e condições do tempo, a iniciativa de montanhistas como ele, que se arriscaram por vontade própria e sem ganhar nada em troca, ficou de fora das críticas à estrutura sobre a demora no resgate.
Ele ganhou o coração dos brasileiros, que invadiram as redes sociais dele agradecendo. Às 20h desta quarta, ele já tinha 800 mil seguidores.
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Agam ao amanhecer na trilha — Foto: Redes sociais
Agam ao amanhecer na trilha — Foto: Redes sociais
“Somos profundamente gratos aos voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado”, afirma o posicionamento.
Eles também mostraram a mensagem que foi enviada aos voluntários. Em um trecho, eles ressaltam que as condições de resgate eram difíceis:
“Foi graças à dedicação e à experiência de vocês que a equipe pôde chegar até Juliana e nos permitir, ao menos, esse momento de despedida. Embora o desfecho já estivesse além do nosso alcance, levamos no coração a sensação de que, se vocês tivessem conseguido chegar antes, talvez o destino pudesse ter sido outro”.
O perfil criado pela irmã de Juliana para dar informações sobre o caso fez críticas às autoridades da Indonésia. O parque seguiu aberto mesmo depois do acidente.
Desde fevereiro, Juliana fazia um mochilão pela Ásia, tendo passado por Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia.
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Jovem Juliana Marins, 26 anos, caiu em trilha na Indonésia — Foto: Redes sociais
Jovem Juliana Marins, 26 anos, caiu em trilha na Indonésia — Foto: Redes sociais
Em publicação nas redes sociais, a irmã contou que Juliana fazia a trilha com um grupo e um guia local quando, no segundo dia, disse estar cansada. O guia teria sugerido que ela descansasse e seguiu sozinho até o cume, deixando Juliana para trás.
Ainda de acordo com a irmã, a jovem ficou sozinha, entrou em desespero e acabou caindo. “Abandonaram Juliana”, afirmou.