Trump violou lei ao enviar tropas da Guarda Nacional para Los Angeles, diz juiz dos EUA

Guarda Nacional em Washington com imagem de Trump ao fundo — Foto: J. Scott Applewhite/AP
Guarda Nacional em Washington com imagem de Trump ao fundo — Foto: J. Scott Applewhite/AP
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está proibido de enviar tropas da Guarda Nacional à Califórnia após uma decisão da Justiça anunciada nesta terça-feira (2).
Para justificar a decisão, Trump invocou uma lei raramente usada que permite ao presidente federalizar a Guarda Nacional em casos de rebelião ou invasão, reais ou iminentes, ou quando as forças regulares não conseguem fazer cumprir as leis americanas. O juiz considerou que o uso das tropas foi ilegal.
“Donald Trump perde novamente. Os tribunais concordam: a militarização das nossas ruas e o uso das forças armadas contra cidadãos americanos são ilegais”, postou o governador da Califórnia, na rede social X, após o anúncio da sentença.
Advogados do gabinete do procurador-geral da Califórnia afirmaram no processo que as tropas não eram necessárias e desempenharam funções policiais. A defesa do governo tentou mostrar que os militares agiram apenas para proteger agentes federais de ameaças e permaneceram dentro de seus limites legais.
Horas depois da decisão ser anunciada, a Casa Branca se pronunciou e voltou a fazer críticas ao Poder Judiciário:
“Mais uma vez, um juiz desonesto está tentando usurpar a autoridade do Comandante-em-Chefe para proteger as cidades americanas da violência e da destruição. O presidente Trump salvou Los Angeles, que estava infestada por lunáticos esquerdistas perturbados que semeavam o caos em massa até que ele interviesse. Enquanto tribunais de extrema esquerda tentam impedir o presidente Trump de cumprir seu mandato e Tornar a América Segura Novamente, o presidente está comprometido em proteger os cidadãos cumpridores da lei, e esta não será a palavra final sobre a questão”.
Intervenção federal em cidades democratas
Mais cedo, em um post na rede Truth Social, Trump voltou a falar de seus planos e prometeu resolver rapidamente “o problema da criminalidade” em Chicago, cidade que ele chamou de “a mais perigosa do mundo, de longe”.
“Vou resolver o problema da criminalidade rapidamente, como fiz em Washington D.C. Chicago estará segura e em breve”, disse Trump, referindo-se ao envio de reservistas da Guarda Nacional para as ruas de Washington.

Donald Trump em evento no Salão Oval — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Donald Trump em evento no Salão Oval — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Ao falar pela primeira vez no assunto, o presidente republicano não informou quando as novas intervenções ocorrerão e também não forneceu números sobre a violências nas cidades citadas. Todas as três, além de Washington, são governadas por prefeitos do Partido Democrata.
Trump, disse, no entanto, que Chicago está uma “bagunça” e chamou o prefeito”extremamente incompetente”.
Reforço na segurança em Washington D.C.
O argumento de Trump na ocasião foi o de que “o crime está fora de controle” na capital norte-americana. Ele afirmou que a taxa de homicídios em Washington D.C. é maior do que em alguns dos piores lugares do mundo, e citou diversas capitais de outros países, inclusive Brasília.
“Washington D.C. deveria ser um dos lugares mais seguros e bonitos do mundo, mas há alguns anos não é mais. A esquerda radical saiu do controle, porque os democratas não querem segurança”, afirmou o norte-americano na ocasião.
Apesar de Washington D.C. ter problemas de violência armada e criminalidade, o crime em geral está em queda na capital e atingiu em 2024 o menor nível dos últimos 30 anos, segundo dados de segurança pública dos EUA.
Já o crime violento, que Trump citou diversas vezes, caiu 26% entre 2023 e 2024, segundo o Departamento de Polícia local.

‘Limpa na capital’: governo Trump divulga vídeos de prisões em Washington D.C.
Ainda assim, cerca de 2.000 homens da Guarda Nacional foram designados à capital, segundo o Departamento de Defesa americano. Segundo o jornal americano “The New York Times”, a intervenção federal na cidade tem previsão para durar 30 dias, mas Trump já disse que a operação pode ser estendida.
Autoridades locais criticaram a intervenção de Trump, e afirmaram que as tropas da Guarda Nacional não terão autoridade para realizar prisões. A prefeita de Washington D.C., a democrata Muriel Bowser, classificou a manobra de Trump como “alarmante e sem precedentes”. O procurador-geral de Colúmbia, Brian Schwalb, autoridade máxima da Justiça no distrito de Colúmbia, disse que a medida é “sem precedentes, desnecessária e ilegal”.
A medida de Trump ocorre após o presidente expressar algumas vezes, desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o desejo de colocar Washington D.C. sob controle federal. A intervenção federal é interpretada pelos jornais dos EUA como “uma medida extraordinária de uso do poder federal”, e que pode expor os moradores da capital.