Dólar sobe e fecha a R$ 5,43, de olho no julgamento de Bolsonaro; Ibovespa recua

Moraes vota para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado

Moraes vota para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado

O dólar fechou em alta de 0,35% nesta terça-feira (9), cotado a R$ 5,4358. Por volta das 17h, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuava 0,07%, aos 141.691 pontos.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus. O ministro Flávio Dino acompanhou o relator do caso. Com isso, o placar provisório é de 2 a 0 a favor da condenação. (leia mais abaixo)

▶️ Com a conclusão do julgamento prevista para sexta-feira (12), a percepção no mercado é de que a condenação de Bolsonaro é praticamente certa. A preocupação, no entanto, é que a decisão possa provocar novas reações negativas por parte do governo dos Estados Unidos.

▶️ No cenário internacional, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) divulgou nesta terça a revisão anual do payroll. A última atualização indicava 818 mil empregos a menos que o estimado para o período de um ano, mas a revisão atual apontou que, nos 12 meses até março, foram criados 911 mil empregos a menos do que o previsto.

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

💲Dólar

  • Acumulado da semana: +0,07%;
  • Acumulado do mês: -0,09%;
  • Acumulado do ano: -12,35%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: -0,59%;
  • Acumulado do mês: +0,26%;
  • Acumulado do ano: +17,88%.

Julgamento de Bolsonaro

O relator do caso, Alexandre de Moraes, já havia votado no mesmo sentido, afirmando que os réus compuseram o chamado núcleo crucial da trama golpista — uma organização criminosa que tentou manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Dino fez uma ressalva em relação ao voto de Moraes: para ele, as penas dos réus Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira devem ser menores, pelo fato de eles terem menor participação na trama golpista.

Além de Dino e Moraes, os demais ministros da Turma – Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado – ainda precisam se posicionar. A expectativa é de que o julgamento seja concluído até a próxima sexta-feira (12).

Em um post na rede social X, na segunda-feira (8), o subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos EUA lembrou da comemoração da independência do Brasil neste domingo (7) e falou do ministro para criticar ‘abusos de autoridade’:

“Ontem marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores da liberdade e da justiça. Em nome do ministro Alexandre de Moraes e dos indivíduos cujos abusos de autoridade minaram essas liberdades fundamentais, continuaremos a tomar as medidas cabíveis”.

Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, ressalta que, na visão do mercado, a condenação do ex-presidente é considerada inevitável. Porém, a principal questão é como os EUA podem reagir ao Brasil em decorrência desse cenário.

“Na minha visão, já não há dúvidas de que Bolsonaro será sentenciado em breve. A questão central é o que acontece depois disso, especialmente diante da incerteza sobre como Trump pode reagir. Outro aspecto relevante é quem será o candidato indicado por Bolsonaro para assumir seu lugar.”

Revisão anual do Payroll

Segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA, a economia criou provavelmente 911 mil empregos a menos nos 12 meses até março do que o esperado, indicando que o crescimento já mostrava sinais de estagnação antes das tarifas de Trump sobre importações.

Economistas esperavam uma revisão de 400 mil a 1 milhão de empregos a menos, e o nível de emprego até março de 2024 foi rebaixado em 598 mil.

A estimativa é preliminar e parte da revisão anual do Departamento do Trabalho, que compara dados mensais do emprego com registros de impostos e do Censo Trimestral de Emprego e Salários (QCEW). A revisão final será divulgada em fevereiro, junto com o relatório de janeiro.

  • 👉🏽 O payroll mostra quantos empregos foram criados ou perdidos nos EUA fora do setor agrícola, funcionando como um termômetro da economia. O banco central americano usa esse dado para decidir os juros: crescimento rápido do emprego pode aumentar a inflação e fazer os juros subirem; crescimento lento ou queda indica economia fraca, e os juros podem ser mantidos ou reduzidos.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados americanos abriram estáveis após fortes ganhos na segunda-feira, com os investidores de olho nos dados do emprego nos EUA.

Após a divulgação dos números, Dow Jones subia 0,10%, o S&P 500 caía 0,046% e o Nasdaq 100 perdia 0,086%.

Na França, o clima é de tensão por causa da situação fiscal do país, que pode levar a uma reavaliação da nota de crédito. Os investidores também aguardam a escolha do novo primeiro-ministro francês e estão atentos à próxima decisão sobre os juros na zona do euro.

No fechamento, o índice europeu STOXX 600 registrou leve alta de 0,06%, encerrando aos 552,39 pontos. Em Londres, o Financial Times avançou 0,23%, a 9.242,53 pontos, enquanto em Frankfurt o DAX recuou 0,37%, para 23.718,45 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve valorização de 0,19%, atingindo 7.749,39 pontos.

Na Ásia, os mercados tiveram desempenho misto. As bolsas de Hong Kong se destacaram com forte alta, impulsionadas pela expectativa de que os EUA reduzam os juros em breve, o que pode beneficiar economias emergentes. Já na China continental, os índices caíram, refletindo preocupações internas.

No fechamento, o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,19%, a 25.938 pontos. Em Tóquio, o Nikkei caiu 0,4%, encerrando o dia em 43.459 pontos. Na China, o índice de Xangai perdeu 0,51% e o CSI300 caiu 0,70%.

Em outras partes da Ásia, o Kospi (Coreia do Sul) subiu 1,26%, o Taiex (Taiwan) avançou 1,25%, enquanto o Straits Times (Singapura) recuou 0,30% e o S&P/ASX 200 (Austrália) caiu 0,52%.

Notas de dólar. — Foto: Murad Sezer/ Reuters

Notas de dólar. — Foto: Murad Sezer/ Reuters

*Com informações da agência de notícias Reuters