Brasileira abusada por Epstein critica censura em fotos e documentos dos arquivos liberados pelo governo Trump: ‘Tapa na cara’

Quem é Marina Lacerda, a brasileira que relatou ter sido abusada por Epstein

Quem é Marina Lacerda, a brasileira que relatou ter sido abusada por Epstein

Peça-chave no julgamento que levou Epstein à prisão, ela disse que a falta de transparência é uma afronta às vítimas dele e contou:

“Estávamos todas empolgadas ontem, antes dos arquivos serem liberados, e quando eles foram divulgados, nós ficamos em choque. Não há nada lá que seja transparente. É muito triste e decepcionante. É um tapa na cara a essa altura”.

Marina Lacerda em entrevista à Sky News — Foto: Reprodução

Marina Lacerda em entrevista à Sky News — Foto: Reprodução

  • 🔍 Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual e morto na cadeia em 2019, tinha relações com figuras influentes, entre elas Donald Trump.
  • 🔍 A ligação virou tema sensível para o governo dos EUA após o nome do presidente aparecer em documentos do caso. Trump nega envolvimento e diz ter rompido com Epstein em 2004.

Outras declarações de Marina

Após participar de uma coletiva de imprensa no começo de setembro, ao lado de outras vítimas, ela deu uma entrevista à rede de TV americana ABC. Contou que sua relação com o bilionário começou aos 14 anos e que Epstein abusava de “até dez mulheres por dia”.

“A casa dele era uma porta giratória. Sempre tinha garotas. Se ele estava em Nova York, passava uma semana inteira com o máximo de garotas possível. Eu diria que ele tinha encontros com umas cinco a oito mulheres, talvez até mais, talvez até dez mulheres por dia”, relatou a brasileira.

“”Nós [vítimas] temos sentimentos contraditórios, porque Trump não queria expor esses arquivos em determinado momento. E então, do nada, ele disse: ‘Divulguem os arquivos’ e assinou [a lei para divulgar os arquivos]. E foi tipo, uau, sabe? E então tivemos que parar um momento e pensar: ‘Espere aí, por que ele está divulgando os arquivos de repente?’ Ele os alterou? As respostas que procuramos nesses arquivos são para os ricos e poderosos, homens influentes que estão por trás disso e que não têm sido mencionados, ninguém tem falado sobre eles, e Trump tem os protegido”, disse Marina.

A brasileira Marina Lacerda durante coletiva de imprensa em 3 de setembro de 2025 — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

A brasileira Marina Lacerda durante coletiva de imprensa em 3 de setembro de 2025 — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

A brasileira afirma que conheceu Epstein em 2002, e que, à época, havia acabado de se mudar para os EUA com a mãe e a irmã. As três dividiam um quarto no bairro do Queens, em Nova York.

Marina disse ainda que trabalhava em três empregos para tentar sustentar a família e foi neste momento que apareceu a oportunidade de conhecer Epstein, apresentada como uma proposta de trabalho.

Segundo ela, os abusos duraram três anos. Marina relatou que, aos 17 anos, o bilionário começou a perder o interesse por ela por ficar “velha demais”.

A brasileira contou também que chegou a ser procurada pelo FBI em 2008, mas não foi ouvida pela Justiça porque Epstein havia assinado um acordo judicial. Ela só pôde depor sobre o caso 11 anos depois, quando a investigação foi reaberta.

Crise no governo Trump

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Em 2008, Epstein chegou a firmar um acordo com a Justiça para se declarar culpado. Em 2019, o caso voltou à tona, quando autoridades federais consideraram o acordo inválido e determinaram a prisão do bilionário por tráfico sexual.

Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato Trump prometeu divulgar uma lista com os nomes de pessoas supostamente envolvidas no esquema de exploração sexual liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, alguns documentos chegaram a ser publicados pelo governo.

Em um desses arquivos, o nome de Trump aparece ao lado de outras pessoas em registros de voos ligados ao bilionário. É de conhecimento público que os dois foram próximos nos anos 1990. Trump, no entanto, não é investigado nesse caso.

Ainda em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi chegou a insinuar que havia uma lista de clientes de Epstein sobre a mesa dela para ser revisada. Esse documento, no entanto, nunca foi divulgado.

Mais recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que não existe nenhuma lista de clientes nos documentos relacionados à investigação. O próprio presidente Trump passou a afirmar que tal documento é uma farsa.

A mudança de versão irritou a base de apoiadores do republicano. Muitos desses eleitores compartilham teorias da conspiração sobre o caso Epstein e exigem a divulgação completa das informações sobre a rede de exploração sexual.

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