Após 10 meses subindo juros, BC deve concluir ciclo de alta e iniciar período longo de manutenção

Copom decidiu elevar a taxa de juros para 15% ao ano

Copom decidiu elevar a taxa de juros para 15% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira (30) e deve optar por interromper o processo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic – foram sete aumentos seguidos.

🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, informou o BC, em junho, ao subir a taxa Selic para 15%.

“Em relação à decisão, a manutenção é amplamente esperada. Com isso, o foco do mercado se volta ao comunicado. Sem surpresas, a nossa expectativa é de que o Comitê mantenha um tom firme, reforçando seu compromisso com o controle da inflação e a preservação da sua credibilidade”, avaliou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

Banco Central do Brasil (BC). — Foto: Adriano Machado/ Reuters

Banco Central do Brasil (BC). — Foto: Adriano Machado/ Reuters

Como age o Banco Central?

Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.

Desaceleração da economia

O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.

▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada em junho, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.

▶️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.

▶️O Banco Central também informou que o juro alto já contribui para desaceleração da atividade e que impacto na geração de empregos deve se aprofundar.

“A conjuntura de atividade econômica doméstica segue marcada por sinais mistos com relação à desaceleração de atividade, mas observa-se certa moderação de crescimento”, informou o Banco Central, em junho.

Efeitos dos juros altos

De acordo com especialistas, uma taxa de juros maior no Brasil tende a ter algumas consequências na economia. Veja abaixo algumas delas:

▶️ Reflexo nos juros bancários: a tendência é que a alta da Selic influencie as taxas cobradas dos clientes bancários. Em junho deste ano, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas somou 45,4%, o maior nível desde agosto de 2017, ou seja, em quase oito anos.

▶️Crescimento da economia: com juros mais altos, a expectativa é de um comportamento mais contido do consumo da população e, também, de mais dificuldades nos investimentos produtivos. Isso deve causar um impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB), no emprego e na renda.

▶️Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, teriam um rendimento maior, com o passar do tempo, do que seria registrado com juros mais baixos. Isso diminui a atratividade do mercado acionário.