Bolsas da Europa perdem força e fecham em queda, após acordo comercial entre EUA e União Europeia

Bolsa de valores em Madrid — Foto: Reuters

Bolsa de valores em Madrid — Foto: Reuters

Os índices acionários europeus perderam a força vista no início do pregão e fecharam majoritariamente em queda nesta segunda-feira (28). As atenções ficaram voltadas para o acordo fechado entre os Estados Unidos e a União Europeia, anunciado por Donald Trump no domingo (27).

O tratado entre o bloco e o governo norte-americano dividiu opiniões entre os líderes europeus. Enquanto alguns viram o acordo firmado antes do prazo final como algo positivo, outros entenderam que a Comissão Europeia havia cedido à pressão de Trump. (Entenda mais abaixo)

Com isso, o índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,24%.

📉 Veja o desempenho das principais bolsas da Europa, segundo a Bloomberg:

  • 🇩🇪 o DAX, da Alemanha, caiu 1,02%;
  • 🇫🇷 o CAC 40, da França, recuou 0,43%;
  • 🇬🇧 o FTSE 100, do Reino Unido, caiu 0,43%;
  • 🇮🇹 o FTSE MIB, da Itália, subiu 0,01%;
  • 🇪🇸 o IBEX 35, da Espanha, teve perdas de 0,12%;
  • 🇵🇹 o PSI 20, de Portugal, caiu 0,44%.

O acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia era amplamente esperado pelos investidores. Após meses de negociação, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou no último domingo (27) um novo tratado com o bloco europeu.

Segundo o republicano, os produtos europeus passarão a ser taxados em 15%, e não mais em 30%, como havia sido anunciado. A nova tarifa também se aplica a automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. Já o aço e o alumínio seguem com sobretaxa de 50%.

Trump se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia. Segundo ele, a UE também investirá US$ 600 bilhões nos EUA e firmará acordos para compra de energia e equipamentos militares norte-americanos.

Entenda os principais pontos do acordo entre EUA e União Europeia

  • Produtos europeus vão ser taxados em 15%, e não mais em 30%, como Trump havia anunciado;
  • União Europeia vai investir US$ 600 bilhões nos EUA;
  • Bloco europeu vai firmar acordos para compra de energia e de equipamentos militares dos EUA. Ursula von der Leyen afirmou que a União Europeia vai substituir o gás e o petróleo comprados da Rússia por gás, petróleo e combustíveis dos EUA;
  • TARIFA ZERO para produtos considerados estratégicos, como aeronaves e peças, alguns produtos químicos e medicamentos genéricos;
  • Bebidas alcóolicas ficaram de fora da decisão sobre tarifa zero.

Além disso, segundo autoridades da UE disseram à Reuters nesta segunda-feira, o bloco europeu concordou em reduzir suas taxas de importação de automóveis para 2,5% como parte do acordo comercial.

As discussões sobre uma eventual isenção tarifária para os setores de vinhos e bebidas alcoólicas, por sua vez, continuam.

Em 2024, o déficit comercial dos EUA em relação à UE atingiu US$ 235 bilhões. A UE argumenta que os EUA têm superávit em serviços, o que compensaria parcialmente esse desequilíbrio.

Opiniões mistas entre líderes europeus

O acordo entre os EUA e a UE dividiu opiniões entre os líderes do bloco europeu. Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, indicou que a Europa pode ter um período sombrio à frente.

“É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão”, afirmou.

O tratado também não agradou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que afirmou que Trump “devorou” a presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen.

“Isso não é um acordo… Trump devorou Von der Leyen no café da manhã. Foi isso o que aconteceu e nós esperávamos que isso acontecesse, já que o presidente dos EUA é um peso pesado quando se trata de negociações, enquanto a presidente é um peso-pena”, disse.

Já os líderes da Espanha, da Alemanha e da Itália afirmaram que o acordo pode trazer um pouco de certeza para o futuro do bloco, mas não se mostraram entusiasmados com o tratado.

“O acordo, com sua tarifa básica de 15%, certamente é algo que nos desafiará . Mas o lado bom é que ele traz certeza”, disse a ministra da economia da Alemanha, Katherina Reiche.

Já o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, disse que valorizava os esforços da Comissão Europeia e a “atitude construtiva e negociadora” de Von der Leyen.

“De qualquer forma, apoio este acordo comercial, mas sem qualquer entusiasmo”, completou.

*Com informações da agência de notícias Reuters.