Bombardeios terrestres na América Latina vão começar ‘muito em breve’, diz Trump
Trump diz que bombardeios terrestres na América Latina começarão ‘muito em breve’
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira (2) que os bombardeios terrestres contra alvos ligados ao narcotráfico na América Latina começarão “muito em breve”.
A fala de Trump é mais nova ameaça de um ataque militar direto no Caribe em meio a escalada de tensões contra o regime venezuelano de Nicolás Maduro. Em reunião de gabinete, Trump disse também que qualquer país que trafique drogas para o território norte-americano pode ser alvo de ataque (leia mais abaixo).
“Eu quero que esses barcos sejam eliminados, e se preciso, vamos fazer ataques terrestres assim como fizemos no mar. (…) Essas pessoas mataram mais de 200 mil pessoas [nos EUA] no ano passado, e esses números estão baixando. Estão baixando porque estamos fazendo os bombardeios [a barcos], e vamos começar a fazer esses ataques por terra também. Por terra é muito mais fácil, sabia? Sabemos as rotas que eles tomam, onde vivem, sabemos tudo sobre eles, e vamos começar isso muito em breve também”, afirmou Trump.
Trump não mencionou explicitamente a Venezuela, mas falou sobre os bombardeios terrestres em resposta a uma pergunta sobre os ataques a barcos no Caribe e no Oceano Pacífico que seu governo acusa estarem transportando drogas rumo aos EUA.
Na tarde desta quarta (3), o republicano repetiu a fala, dizendo novamente que os bombardeios das rotas terrestres usadas por traficantes começarão “muito em breve” e que “nós sabemos tudo sobre eles, todas as casas (onde eles moram)”.
Desde setembro, os ataques a embarcações mataram mais de 80 pessoas e a maior parte das embarcações partiu da Venezuela, principal alvo da ampla escalada militar que Trump emprega no Caribe.

O presidente dos EUA, Donald Trump, em 2 de dezembro de 2025 — Foto: REUTERS/Brian Snyder
O presidente dos EUA, Donald Trump, em 2 de dezembro de 2025 — Foto: REUTERS/Brian Snyder
Maduro acusa os EUA de utilizarem o tráfico de drogas, que tem um fluxo maior vindo de outros países da América Latina, como pretexto para tentar o tirar do poder. O presidente venezuelano tem respondido a todas as declarações de Trump na escalada de tensões, e já fez apelos públicos —como “no crazy war, yes peace”— e privados —conversou por telefone com Trump e teve suas condições para deixar o poder recusadas— contra uma investida militar americana.
Hegseth afirmou que os americanos estão mais seguros porque os narcotraficantes latino-americanos sabem que serão mortos se tentarem trazer drogas aos EUA. “Vamos eliminar essa ameaça, por mar ou terra, se necessário, e estamos orgulhosos em o fazer”, afirmou.
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A declaração foi feita durante uma reunião com secretários de governo. Ao comentar o combate ao narcotráfico, Trump acusou a Colômbia de manter fábricas de produção de cocaína e disse que as drogas são enviadas para os Estados Unidos.
“Qualquer um que esteja fazendo isso e vendendo para dentro do nosso país está sujeito a ataque, não só a Venezuela”, afirmou.
“A Venezuela é muito ruim, provavelmente pior que a maioria, mas muita gente faz isso. Eles enviam assassinos para o nosso país”, acrescentou.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, grande parte da cocaína que chega aos EUA vem de Colômbia, Peru e Bolívia. Já a maior parte do fentanil — opioide responsável por quase 70% das overdoses em 2023 — vem do México.
Desde setembro, os EUA mobilizam um forte aparato militar no Caribe sob a justificativa de combater o tráfico internacional. Embora a Venezuela concentre a maior parte das ameaças, a Colômbia também tem sido alvo do governo americano.
Em 19 de outubro, Trump usou uma rede social para chamar o presidente colombiano, Gustavo Petro, de “traficante de drogas ilegal”. Ele também acusou o país de incentivar a “produção massiva” de entorpecentes.
Segundo Trump, Petro “não faz nada para deter” a produção e o tráfico se tornou o “maior negócio” na Colômbia.
O presidente colombiano usou uma rede social para rebater as falas de Trump desta terça-feira. Ele afirmou que tem destruído laboratórios de cocaína e impedido que as drogas cheguem aos EUA.
“Venha à Colômbia, Sr. Trump, eu o convido, para que possa participar da destruição dos 9 laboratórios que destruímos diariamente para impedir que a cocaína chegue aos EUA”, escreveu.
“Se algum país ajudou a impedir que milhares de toneladas de cocaína chegassem aos americanos, esse país é a Colômbia.”
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