Confederação de natação pede, e COB vai bancar Bruno Fratus nos EUA

Bruno Fratus, 28, foi o nadador brasileiro que mais brilhou no Mundial de Budapeste, em julho, com medalhas de prata nos 50 m livre e no revezamento 4 x 100 m livre. Apesar do resultado, a atual situação do velocista preocupa a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que pediu socorro ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) para ajudar o atleta. Radicado na cidade de Auburn (EUA) desde 2014, Fratus está sem clube no Brasil desde o final do ano passado, quando não teve seu contrato renovado com o Pinheiros, e tem sofrido para se manter em solo norte-americano. O brasileiro se sustenta com os R$ 11 mil que recebe do programa Bolsa Pódio, do governo federal, valor considerado insuficiente para as despesas em dólar. Para tentar amenizar o cotidiano de seu principal nadador, a CBDA encaminhou ofício ao COB na segunda-feira (28) em que pediu assistência financeira a Fratus. Nesta semana, a entidade decidiu intervir a favor. O comitê vai arcar com custos de deslocamento e hospedagem em competições nos Estados Unidos e na Europa. Também vai repassar-lhe um apoio financeiro mensal. No primeiro semestre e na preparação para o Mundial de Budapeste, o COB também havia pagado viagens de Fratus para torneios na América do Norte e na Europa, por entender que ele tinha potencial esportivo significante em nível internacional. Para 2017, o comitê trabalhava com estimativa de receber R$ 210 milhões da Lei Piva -que arrecada verba de loterias federais. Do total, a entidade repassa obrigatoriamente R$ 31,5 milhões ao esporte escolar e universitário. Dos cerca de R$ 178 milhões que ficam sob seus cuidados, R$ 41 milhões serão versados para projetos com vistas a Tóquio-2020, onde entraria o aporte a Fratus. “A situação do Bruno é algo que nos preocupa, sim”, afirmou Renato Cordani, diretor de natação da CBDA. No final de 2016, Fratus recebeu ultimato do Pinheiros, que insistiu que ele voltasse a morar e treinar no Brasil. Ele, porém, não abriu mão de continuar em Auburn, e o vínculo com a agremiação paulistana encerrou-se. No Troféu Maria Lenk, em maio, Fratus defendeu o Clube Internacional de Regatas, de Santos, mas só para ter o registro e disputar a competição, que era seletiva para o Mundial de Budapeste. Ele descartou propostas de equipes grandes da natação nacional e segue sem clube. “O fato de não ter clube é uma escolha dele”, disse Cordani. Sob Hawke, Fratus passou a frequentar pódios internacionais. Sempre nos 50 m livre, foi ouro no Pampacífico de Gold Coast (2014), bronze no Mundial de Kazan (2015) e viveu seu melhor momento com as duas pratas no Mundial de Budapeste, em julho. Na Olimpíada do Rio veio sua maior decepção. Terminou a prova em sexto lugar. O 2017, que se prenunciava ruim, tem sido o melhor ano de sua carreira. Na Hungria, ele foi vice-campeão dos 50 m livre com a terceira melhor marca da história -desconsiderados os trajes de poliuretano que foram banidos-, o que abriu os olhos da CBDA para Tóquio-2020. Por isso, a entidade quer deixá-lo manter seu programa de treinamento nos EUA. À Folha, a mulher de Fratus, a ex-nadadora Michelle Lenhardt, disse que eles preferem não se pronunciar. A CBDA até poderia desembolsar de seus recursos para socorrer o nadador, porém atravessa fase de penúria. A nova gestão que assumiu seu comando em junho, liderada pelo presidente Miguel Cagnoni, ainda tem contas bancárias bloqueadas em razão de dívidas e problemas de prestação de contas da administração passada. A oferta de respaldo individual não seria um privilégio a Fratus. O COB tem, em sua política, inúmeros casos de apoio a atletas, como o também nadador Cesar Cielo e Thiago Braz, ouro no salto com vara na Rio-2016.