Crise dos navios: até onde Trump e Maduro podem levar adiante a guerra de narrativas para convencer suas bases?

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela — Foto: Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters
Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela — Foto: Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters
Tanto Trump quanto Maduro recorrem à retórica radical para tentar convencer suas bases eleitorais sobre as movimentações no teatro de guerra montado no Caribe. “Há mais de onde isso veio”, assegurou o americano sobre o ataque e a sua missão antidrogas.
Em resposta, Maduro caprichou no discurso ufanista. “Eles estão inventando uma história, uma lenda. Eles vêm pelo petróleo, querem o petróleo venezuelano de graça.”
Desde o primeiro mandato na Casa Branca, o presidente americano tem uma assinatura pendente com o regime venezuelano. Seu governo foi o primeiro a apoiar o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, e reconhecê-lo como presidente legítimo do país.
A estratégia, seguida por mais de 50 países, incluindo o Brasil e os da União Europeia, fracassou. O regime venezuelano reforçou suas amarras para se sustentar pela via do autoritarismo. Maduro se manteve no poder, às custas de uma eleição considerada fraudulenta pela oposição e por observadores internacionais. Nunca apresentou as atas eleitorais que justificassem a sua propaganda vitória.
De volta à Casa Branca, há oito meses, Trump deu sinais de amenizar o relacionamento, ao mandar a Caracas o enviado Richard Grenell, que voltou de lá com seis prisioneiros americanos libertados por Maduro. As operações da Chevron no país, que haviam sido suspensas no governo Joe Biden, foram retomadas.
Ao mesmo tempo, o presidente americano revogou o Status de Proteção Temporária a 600 mil venezuelanos nos EUA e autorizou deportações de imigrantes, uma parte deles para El Salvador.
Daí a antever uma ofensiva de maiores proporções ou a mudança de regime, como especula a mídia de extrema direita nos EUA, e a mobilização de milhares de milicianos que estariam prontos para a luta armada, conforme alardeia o ditador venezuelano, há um longo e tenebroso caminho. Os antecedentes mostram que Trump e Maduro não parecem dispostos a encará-lo.
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