Dólar e Ibovespa avançam em dia de IPCA e expectativa pela “Superquarta”

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

O dólar começou esta quarta-feira (10) em alta, subindo 0,48% e sendo negociado a R$ 5,4610 por volta das 12h15. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também avançava, com ganho de 0,37%, a 158.562 pontos.

Os investidores acompanham a última “superquarta” do ano atentos a uma agenda carregada de indicadores e decisões importantes. A inflação de novembro no Brasil e as reuniões sobre juros aqui e nos Estados Unidos são os principais destaques, enquanto o cenário político local segue no radar.

▶️ Lá fora, o Federal Reserve (o BC americano) anuncia sua decisão sobre a taxa de juros do país, prevista para as 16h (de Brasília), seguida da coletiva do presidente Jerome Powell. O mercado aposta em corte de 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,5% a 3,75%.

▶️ No Brasil, o Copom anuncia às 18h30 se manterá a Selic em 15% ao ano. A expectativa é de estabilidade, mas os investidores buscam sinais sobre quando começará o ciclo de cortes, se em janeiro ou março do ano que vem.

  • 🔎 Agentes do mercado acreditam que a manutenção do governo atual tornaria mais difícil realizar ajustes robustos nas contas públicas, o que impacta negativamente o Ibovespa e o câmbio.

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:

💲Dólar

  • Acumulado da semana: +0,04%;
  • Acumulado do mês: +1,87%;
  • Acumulado do ano: -12,05%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: +0,39%;
  • Acumulado do mês: -0,69%;
  • Acumulado do ano: +31,34%.

Inflação em novembro

Após perder força em outubro, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve alta leve em novembro, ficando em 0,18%, segundo o IBGE.

No acumulado de 2024, a inflação chegou a 3,92%, enquanto a taxa dos últimos 12 meses desacelerou para 4,46%, abaixo dos 4,68% do período anterior. Em novembro do ano passado, o índice havia sido de 0,39%.

  • O resultado ficou levemente abaixo do esperado pelo mercado, que projetava alta de 0,20% no mês e inflação de 4,5% em 12 meses.
  • Ainda assim, o indicador permanece dentro do intervalo de tolerância do Banco Central — cuja meta é 3%, com teto de 4,5%.

Para Mariana Rodrigues, economista da SulAmérica Investimentos, o resultado reforça o processo de desinflação gradual. Ela avalia que o índice veio alinhado às expectativas, com destaque positivo para o comportamento dos serviços.

“A queda nos preços de bens industriais refletiu os descontos da Black Friday, enquanto a alimentação no domicílio manteve trajetória deflacionária e não sofreu as pressões sazonais típicas do fim do ano.”

Essa combinação, na avaliação da especialista, contribui para manter a inflação abaixo da meta. Ela acrescentou que, do ponto de vista da política monetária, o dado não altera o cenário e a projeção da casa segue apontando cortes de juros só a partir de março.

Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, também classificou o IPCA como um número positivo, embora tenha ficado ligeiramente acima de sua projeção. “A composição veio melhor do que o esperado, sobretudo no setor de serviços, que subiu 0,60%, abaixo dos 0,63% projetados.”

Barbosa ressaltou que o núcleo de serviços desacelerou e, na média móvel trimestral dessazonalizada, recuou de 4,29% para 3,94% ao ano, sinalizando perda de fôlego consistente.

O economista destacou ainda a surpresa baixista na alimentação no domicílio. A deflação de 0,20% veio bem abaixo da expectativa da casa, reforçando a perda de pressão dos alimentos ao longo do ano. Na variação acumulada em 12 meses, o grupo passou de 4,53% para 2,46%, enquanto na média móvel trimestral dessazonalizada registra agora deflação anualizada.

À espera dos juros

Um dos destaques desta semana fica com as decisões de juros do Banco Central do Brasil (BC) e do Federal Reserve (banco central dos EUA), ambas previstas para hoje — na chamada Superquarta.

Por aqui, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica de juros (Selic) inalterada em 15% ao ano mais uma vez. Em falas recentes, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, já indicou que os juros devem permanecer elevados, reiterando que as decisões do BC são embasadas em fatos e dados.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, comenta que o comportamento recente da inflação reforça a ideia de que o BC está cada vez mais confortável com o cenário, especialmente após a divulgação do IPCA de novembro, que subiu 0,18% — abaixo das projeções — e manteve o acumulado em 12 meses dentro do teto da meta, em 4,46%.

“Ao retirar itens mais voláteis, como energia e alimentos, o núcleo da inflação continua moderado, e mesmo a alta de serviços foi impactada de forma excepcional pelo salto de quase 12% nas passagens aéreas. Os dados começam a reforçar a percepção de que a inflação brasileira está se estabilizando”, afirma.

Já nos EUA, a maior parte dos investidores acredita que o Fed deve reduzir as taxas norte-americanas em 0,25 ponto percentual, dando continuidade ao ciclo de corte de juros.

As apostas foram reforçadas após o PCE de setembro, divulgado em atraso por conta da paralisação de 43 dias do governo norte-americano.

O indicador, que é a medida de inflação preferida do Fed, indicou que os gastos do consumidor dos EUA aumentaram em linha com as previsões em setembro, enquanto os preços básicos subiram 2,8% em relação ao ano anterior — patamar levemente abaixo da expectativa do mercado, de alta de 2,9%.

No caso da economia americana, Mattos avalia que alguns indicadores apontam fraqueza, como a criação de empregos mais lenta e o aumento do número de pessoas que recebem auxílio-desemprego contínuo, sugerindo dificuldade de contratação.

Por outro lado, pedidos iniciais de seguro-desemprego seguem baixos, e a taxa de desemprego permanece em níveis historicamente reduzidos, em 4,4%.

“Seria plenamente possível justificar tanto uma manutenção quanto um corte, dependendo dos indicadores que se escolhe priorizar”, pondera Mattos.

O especialista destaca ainda que, diante desse quadro ambíguo, o comunicado do Fed e as projeções econômicas divulgadas hoje tendem a ganhar peso, já que os 17 integrantes do comitê devem apresentar visões variadas sobre crescimento, emprego, inflação e juros.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados americanos abriram praticamente estáveis nesta quarta-feira, com os investidores aguardando a decisão do banco central dos EUA sobre os juros, prevista para hoje.

A expectativa é por um corte na taxa, mas há cautela em relação aos sinais sobre os próximos passos da política monetária.

Na abertura, o Dow Jones subia 0,03%, aos 47.573,96 pontos. O S&P 500 recuava 0,10%, para 6.833,49 pontos, enquanto o Nasdaq caía 0,17%, aos 23.536 pontos.

As bolsas europeias operam em queda, refletindo a mesma cautela antes da decisão do Fed. O setor de defesa, que vinha sustentando ganhos recentes, registrou perdas, enquanto Londres destoou com alta apoiada por ações ligadas a commodities.

Por volta das 10h (horário de Brasília), o STOXX 600 caía 0,09%, a 577,01 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuava 0,49%, para 24.033,53 pontos; em Paris, o CAC 40 perdia 0,31%, a 8.025,87 pontos; e em Londres, o FTSE 100 subia 0,22%, aos 9.667,02 pontos.

Na Ásia, as bolsas fecharam com resultados mistos. Na China, os índices caíram pelo segundo dia seguido, pressionados por sinais de deflação, apesar da alta do setor imobiliário liderada pela Vanke. Em Hong Kong, houve recuperação, enquanto outros mercados tiveram variações pequenas.

No fechamento: em Xangai, o índice SSEC caiu 0,23%, para 3.900 pontos, e o CSI300 recuou 0,14%, a 4.591 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 0,42%, para 25.540 pontos.

Já o Nikkei, em Tóquio, caiu 0,10%, para 50.602 pontos. Em outros mercados: Kospi -0,21%, Taiex +0,77%, Straits Times -0,03%.

Dólar vive disparada nos últimos dias — Foto: Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo

Dólar vive disparada nos últimos dias — Foto: Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo

*Com informações da agência de notícias Reuters