Dólar opera em alta com Boletim Focus e feriado nos EUA; bolsa cai

Sob pressão de Trump, Índia e Rússia se reúnem em cúpula asiática de Xi Jinping
O dólar oscila na sessão desta segunda-feira (1º). Entre altas e baixas, por volta das 14h50 a moeda americana subia 0,44%, sendo negociada a R$ 5,4460. Já o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, recuava 0,36%, aos 140.914 pontos.
Com o feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, os investidores voltam suas atenções para o cenário doméstico. O principal destaque é o boletim Focus, que reduziu, pela décima quarta semana consecutiva, a projeção de inflação para 2025.
- 🔎 Quando é feriado nos EUA, as bolsas de lá não funcionam — o que reduz o número de investidores ativos no mercado. Isso acaba diminuindo o volume de negociações no Brasil também, já que os mercados são conectados, e pode deixar o dia mais parado, com menos movimentações na Bolsa.
▶️ No boletim Focus divulgado nesta semana, analistas do mercado financeiro revisaram para baixo as estimativas de inflação para os anos de 2025, 2026 e 2027. Em contrapartida, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) foram ajustadas para cima (veja mais).
▶️ Ainda de olho cenário local, a S&P Global divulgou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Brasil. Em agosto, o indicador caiu a 47,7 pontos, vindo de 48,2 em julho.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
- Acumulado da semana: -0,07%;
- Acumulado do mês: -3,19%;
- Acumulado do ano: -12,26%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: +2,50%;
- Acumulado do mês: +6,28%;
- Acumulado do ano: +17,57%.
Projeções de inflação caem
- ➡️ A estimativa de inflação para 2025 caiu de 4,86% para 4,85%, ainda acima do teto da meta, que é de 4,5%;
- ➡️ Para 2026, a projeção recuou de 4,33% para 4,31%;
- ➡️ Para 2027, a expectativa caiu de 3,97% para 3,94%.
- ➡️ Para 2028, a previsão permaneceu em 3,80%.
A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 foi ajustada de 2,18% para 2,19%. Para 2026, a projeção também subiu, passando de 1,86% para 1,87%.
Os economistas consultados pelo boletim mantiveram a estimativa para a taxa básica de juros em 2025. Para o encerramento deste ano, a projeção continua em 15% ao ano, patamar atual da Selic.
A expectativa para o fim de 2026 segue em 12,50% ao ano. Para 2027, a projeção também foi mantida, em 10,50% ao ano.
Quanto ao dólar, a estimativa para a taxa de câmbio no fim de 2025 caiu de R$ 5,59 para R$ 5,56. Para o encerramento de 2026, a projeção recuou de R$ 5,64 para R$ 5,62.
O economista Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e sócio-executivo da GO Associados, destaca que, com a inflação mais baixa, crescimento moderado e o nível de emprego estável nas condições atuais, a economia inicia o “ciclo político do período eleitoral” em situação um pouco mais favorável do que em momentos anteriores.
“As condições econômicas parecem favoráveis. É uma economia que, de certa forma, ajuda as forças situacionistas no período eleitoral.”
PMI de agosto
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria brasileira, calculado pela S&P Global, caiu para 47,7 em agosto, ante 48,2 em julho. Esse é o menor nível desde junho de 2023 e marca o quarto mês consecutivo abaixo de 50 — limite que indica retração da atividade.
Segundo a pesquisa, o volume de novas encomendas teve em agosto a queda mais acentuada em mais de dois anos. Os entrevistados atribuíram esse recuo ao efeito negativo das tarifas impostas pelos EUA, à demanda enfraquecida e à baixa confiança dos clientes.
“Vários participantes da pesquisa PMI indicaram que pedidos previamente acordados foram suspensos”, disse em nota Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, sobre as tarifas.
No começo de agosto, passaram a valer tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre diversos produtos brasileiros, que correspondem a cerca de 36% das exportações do Brasil para o mercado norte-americano — entre eles carne, café, frutas e calçados.
Além disso, cerca de 20% das exportações brasileiras estão sujeitas a tarifas aplicadas globalmente pelos Estados Unidos, com alíquotas que variam entre 25% e 50%.
China, Rússia e Índia se reúnem
Os líderes da China, Rússia e Índia se reuniram nesta segunda-feira (1º) em uma cúpula da OCS.
Aproveitando a cúpula, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, também fizeram uma reunião bilateral e firmaram um acordo para expandir o comércio entre os dois países.
De acordo com especialistas, a camaradagem entre Xi e Putin pretende transmitir um vínculo estreito entre eles como líderes de uma ordem mundial alternativa que desafia os Estados Unidos.
Já Modi buscou mostrar que a Índia tem outros amigos importantes — incluindo a China, independentemente de uma disputa de fronteira não resolvida — caso o governo Trump opte por continuar alienando o governo indiano com tarifas, assim como o Brasil.
Bolsas globais
Devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA, que ocorre sempre na primeira segunda-feira do mês de setembro, os mercados acionários norte-americanos não abrem hoje.
No fechamento da sexta-feira, o Dow Jones caiu 0,20%, aos 45.544,88 pontos. O S&P 500 fechou em queda de 0,64%, aos 6.460,27 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuou 1,15%, aos 21.455,55 pontos.
Já as bolsas europeias fecharam em alta nesta segunda-feira, em um movimento de recuperação após a forte queda nos preços das ações de tecnologia registrada na semana passada.
O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 1,8%%, enquanto o DAX, da Alemanha, avançou 0,57%. No Reino Unido, o FTSE 100 registrou alta de 0,10%, e na França, o CAC 40 fechou com leve ganho de 0,05%. Já o FTSE MIB, da Itália, valorizou 0,51%.
Na Ásia, os mercados tiveram desempenho misto, refletindo o impacto de balanços corporativos, as expectativas em torno da inovação tecnológica e a cautela com o cenário global.
O índice Nikkei, em Tóquio, caiu 1,24% aos 42.188 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng avançou 2,15%, fechando em 25.617 pontos. Em Xangai, o SSEC teve alta de 0,46%, aos 3.875 pontos, enquanto o CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,60%, para 4.523 pontos.
Em Seul, o Kospi recuou 1,35%, encerrando em 3.142 pontos. Em Taiwan, o Taiex registrou queda de 0,67%, aos 24.071 pontos. Em Cingapura, o Straits Times teve leve valorização de 0,25%, fechando em 4.280 pontos. Já em Sydney, o S&P/ASX 200 caiu 0,51%, encerrando o pregão aos 8.927 pontos.

Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik
Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik
*Com informações da agência de notícias Reuters