Em meio ao tarifaço, exportações aos EUA caem 18,5% e agosto tem maior déficit do ano com o país

Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná — Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná — Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

O Brasil registrou déficit em suas transações comerciais com os Estados Unidos pelo oitavo mês seguido em agosto, informou nesta quinta-feira (4) o Ministério do Desenvolvimento (MDIC).

🔎O déficit comercial significa que o Brasil importou mais produtos americanos do que exportou para os Estados Unidos. Para a economia brasileira, esse fato representa um cenário desfavorável.

  • De acordo com o governo, as exportações aos EUA somaram US$ 2,76 bilhões no mês passado, com forte queda de 18,5% frente ao mesmo período do ano passado.
  • Ao mesmo tempo, as importações totalizaram US$ 3,99 bilhões da economia norte-americana, com alta de 4,6% na comparação com agosto de 2024.
  • Com isso, o saldo ficou deficitário para o Brasil em US$ 1,23 bilhão no mês passado. Este é o maior resultado negativo mensal deste ano.

DÉFICIT COMERCIAL DO BRASIL COM OS EUA EM 2025
MÊS A MÊS EM US$ MILHÕES
Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO

▶️ O último mês no qual o Brasil teve superávit com os EUA, ou seja, quando as exportações superaram as compras do exterior, foi dezembro do ano passado — no valor de US$ 468 milhões.

▶️No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o Brasil acumula um déficit nas transações comerciais de US$ 3,48 bilhões com os Estados Unidos. Isso representa um aumento de 370% no rombo na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o déficit somou US$ 745 milhões.

Balança comercial do Brasil com os Estados Unidos
Exportações menos importações em US$ bilhões
Fonte: Ministério do Desenvolvimento

Tarifaço dos EUA

Também foram anunciadas outras medidas. São elas:

➡️Seguro à exportação: governo anunciou instrumentos para proteger o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos, permitindo que bancos e seguradoras utilizem essa garantia em mais tipos de operações.

➡️A Receita Federal foi autorizada a fazer diferimento (adiamento) de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço.

➡️Isenção de insumos para exportações: o governo anunciou a prorrogação, por um ano, do prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo chamado “drawback”.

➡️Novo Reintegra: o governo também anunciou que as empresas exportadoras terão crédito tributário (valores a abater em impostos) para que suas vendas ao exterior sejam desoneradas.

➡️Compras públicas: foi anunciado que a União, estados e municípios poderão fazer compras públicas para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais, etc.).

➡️Diversificação de mercados: o governo anunciou, ainda, que continuará trabalhando para diversificar mercados, ou seja, buscando novos países compradores dos produtos sobretaxados pelos Estados Unidos.

Balança comercial em agosto

▶️Quando são consideradas as transações comerciais com todos os países, e não somente com os EUA, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,13 bilhões em agosto.

  • Segundo dados oficiais, houve um aumento de 35,8% no saldo positivo na comparação com o mesmo mês de 2024 (+US$ 4,52 bilhões).
  • Esse é o melhor resultado para meses de agosto desde 2023, quando foi contabilizado um superávit comercial de US$ 9,63 bilhões.

💵De acordo o governo, em agosto:

  • As exportações somaram US$ 29,86 bilhões, com alta de 8,9% na média por dia útil;
  • As importações somaram US$ 23,72 bilhões, com alta de 2,6% na média por dia útil.

Apesar da queda nas vendas aos Estados Unidos, as exportações para outros grandes parceiros comerciais do Brasil cresceram no mês passado, contra agosto de 2024.

  • As vendas externas para a China subiram 29,9%.
  • As exportações para o México avançaram 43,8%.
  • As vendas para a Argentina cresceram 40,4%.

▶️No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o saldo comercial ficou positivo em US$ 42,81 bilhões, com queda de 20,2% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 53,62 bilhões).

INFOGRÁFICO - Linha do tempo do tarifaço contra o Brasil — Foto: Arte/g1

INFOGRÁFICO – Linha do tempo do tarifaço contra o Brasil — Foto: Arte/g1