ES tem 1.500 contêineres parados no Porto de Vitória desde tarifaço de Trump; principais cargas são de rochas, café e pimenta

ES deixa de enviar 1.500 contêineres para os EUA

ES deixa de enviar 1.500 contêineres para os EUA

A medida resulta em 1.500 contêineres que deixaram de embarcar para o país, Rochas naturais, café, pimenta-do-reino, gengibre, instrumentos musicais, cosméticos e carne bovina estão entre os itens afetados. O prejuízo chega a R$ 360 milhões.

A empresa que administra o porto da capital, Vports, informou que monitora de forma contínua os possíveis impactos decorrentes do “tarifaço”.

Além disso, relatou que o cancelamento do navio se deu em razão da queda na demanda por embarque de produtos, mas que a programação das demais escalas previstas para o complexo portuário permanece, até o momento, inalterada.

De acordo com o despachante aduaneiro e diretor comercial da Speed Soluções em Comex, Bruno Marques, outros impactos previstos são a previsão de férias coletivas de empresas exportadoras e até o encerramento de setor comercial de empresas que cuidavam do mercado externo, principalmente dos EUA.

Marques destacou que mensalmente, são destinados 4 mil contêineres de exportação, número que seria elevado com o aumento do volume de café que também é enviado para o exterior. E o país norte-americano é um dos principais destinos dos produtos de exportação do estado.

“Nós temos o setor de rochas naturais, agro com café e celulose por exemplo, setor de aço, que vão ser muito impactados. Nós aqui, já sentimos isso. Esses 1.500 contêineres chega a 60 milhões de dólares, ou 360 milhões de reais que deixarão de ser exportados”, pontuou o despachante.

O setor de rochas ornamentais do Espírito Santo é um dos mais afetados com tarifaço de Donald Trump ao Brasil — Foto: Reprodução/TV Gazeta

O setor de rochas ornamentais do Espírito Santo é um dos mais afetados com tarifaço de Donald Trump ao Brasil — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Um dos setores mais afetados é o de rochas naturais. Do total de 1,5 mil contêineres parados no porto, 1,2 mil são desse produto.

No primeiro semestre deste ano, a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), exportou US$ 426 milhões, o equivalente a R$ 2,3 bilhões em rochas ornamentais do estado para os EUA.

O presidente do Centrorochas, Tales Machado, explicou que após o anúncio, compradores norte-americanos pediram a suspensão imediata dos embarques.

“Os clientes estão pedindo para suspender o embarque. Ele estão apreensivos porque tudo que gente embarcar nesse momento chega depois do dia primeiro, são no mínimo 30 dias para o navio chegar lá. Então vai chegar lá após a data que vai entra realmente a taxação ou não e fica inviável pra eles também. Estamos em uma apreensão muito grande”, declarou o presidente.

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Dentre as cargas paradas, está um lote avaliado em cerca de US$ 40 milhões (R$ 221 milhões), o que sinalizou um prejuízo grande para o setor.

“A gente tem aquela frente direta nos Estados Unidos através de uma associação de rochas naturais lá. Essa associação já fez uma defesa das rochas nacionais brasileiras, já entraram no governo dos Estados Unidos com o pedido para prorrogar esse prazo para o setor de rochas naturais, e o governo do estado já sinalizou até mesmo tentar uma linha de crédito especiais, alguma coisa que se realmente não conseguir reverter, trazer apoio para as empresas capixabas”, disse.

Setor de rochas ornamentais é um dos mais afetados do Espírito Santo com tarifaço de Trump — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Setor de rochas ornamentais é um dos mais afetados do Espírito Santo com tarifaço de Trump — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com Marques, outros impactos previstos são a previsão de férias coletivas de empresas exportadoras e até o encerramento de setor comercial de empresas que cuidavam do mercado externo, principalmente dos EUA.

Café afetado

Pesquisadores do Espírito Santo apontaram que o ideal é produtor de café realizar a colheita com os frutos maduros, vermelhos — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Pesquisadores do Espírito Santo apontaram que o ideal é produtor de café realizar a colheita com os frutos maduros, vermelhos — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Outro setor afetado é o da cafeicultura. O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos e em 2024, das cerca de 8 milhões de sacas do grão exportadas para o país, mais de 1 milhão e 600 mil eram do Espírito Santo.

Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), que representa os exportadores do estado, estimou que em 7 dias, o estado deixou de embarcar cerca de 42 mil sacas, o equivalente a 2,5 mil toneladas de café cru e solúvel.

Novos negócios também não foram selados com os Estados Unidos em todo o país. De acordo com o CCCV, mais de 210 mil sacas de café brasileiro deixaram de ser comercializadas para os Estados Unidos, o que corresponde a 12,6 mil toneladas sem destino.

O vice-presidente da entidade, Jorge Nicchio, explicou que o impacto foi imediato e atingiu tanto grandes quanto pequenas empresas do setor.

“A Associação do Café lá nos Estados Unidos tá trabalhando duro para mostrar para as autoridades americanas que o café é importante, os Estados Unidos não produz café, mas são os maiores consumidores de café. Não existe no mundo nenhum país que consiga suprir esses 8 milhões e 200 mil sacas que o Brasil embarca por ano para os Estados Unidos. Somente o Brasil produz mais do que o segundo, terceiro e quarto país produtor do mundo. Então nós somos o maior que tem no mercado, não tem quem faça essa substituição. Certamente haverá uma diminuição de negócios com os EUA, mas ele ainda terão que comprar algum café do Brasil mesmo com essa taxação”, comentou Nicchio.

Sacas de café do Espírito Santo deixam de ser exportadas para os EUA com tarifaço do Trump — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Sacas de café do Espírito Santo deixam de ser exportadas para os EUA com tarifaço do Trump — Foto: Reprodução/TV Gazeta

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