Ibovespa opera em queda com PIB do 2º trimestre e julgamento de Bolsonaro; dólar avança

A primeira turma do STF vai começar a julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado

A primeira turma do STF vai começar a julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado

O Ibovespa opera com queda nesta terça-feira (2). Por volta das 15h30, o principal índice da bolsa brasileira recuava 0,78%, aos 140.176 pontos. Já o dólar subia 0,48%, cotado a R$ 5,4652.

Com o fim do feriado nos Estados Unidos — que na véspera reduziu o volume de negociações globais por conta do fechamento das bolsas — os investidores voltam suas atenções para o Brasil, diante da divulgação do PIB e do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

▶️ Nesta terça-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete pessoas acusadas de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.

O mercado demonstra preocupação com a possibilidade de que uma eventual condenação ao ex-presidente leve o governo de Donald Trump a aplicar novas medidas contra o Brasil.

  • Esse temor se reflete especialmente no setor bancário, já que instituições financeiras podem ser diretamente afetadas por medidas previstas na Lei Magnitsky. No Ibovespa, ações caem em bloco e até o dólar operou com volatilidade (veja mais abaixo).

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

💲Dólar

  • Acumulado da semana: +0,32%;
  • Acumulado do mês: +0,32%;
  • Acumulado do ano: -11,99%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: -0,10%;
  • Acumulado do mês: -0,10%;
  • Acumulado do ano: +17,46%.

PIB cresce, mas desacelera

A economia brasileira cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2). Em valores correntes, o PIB movimentou R$ 3,2 trilhões.

Com esse desempenho, o PIB acumula 16 trimestres consecutivos de crescimento e atinge o maior nível da série histórica, iniciada em 1996. Os setores de serviços e consumo das famílias também bateram recordes.

O resultado indica uma desaceleração significativa em relação ao primeiro trimestre, quando o crescimento foi de 1,3%. Mesmo assim, o desempenho superou discretamente as projeções do mercado, que apontavam alta de 0,3%. Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%.

Veja os principais destaques do PIB no 2º trimestre

  • Serviços: 0,6%
  • Indústria: 0,5%
  • Agropecuária: -0,1%
  • Consumo das famílias: 0,5%
  • Consumo do governo: -0,6%
  • Investimentos: -2,2%
  • Exportações: 0,7%
  • Importação: -2,9%

O economista Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados, compara o desempenho trimestral do PIB à trajetória de um carro.

“Após uma arrancada intensa no início do ano, é como se o motor tivesse perdido força, e a economia já não avançasse com o mesmo ritmo do primeiro trimestre.”

Ele avalia que a desaceleração tem origem, em parte, na agropecuária, que após ser destaque nos três primeiros meses do ano, agora está “tirando o pé do acelerador” — já que o primeiro trimestre, período de colheita, costuma apresentar crescimento mais forte. Além disso, a política monetária também pesou, com a taxa básica de juros mantida em níveis elevados..

“Os juros altos hoje funcionam como um peso na mochila da economia. Ela avança, mas com dificuldade, e os juros acabam comprometendo o fôlego da atividade econômica”, completa.

Julgamento de Bolsonaro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar a partir desta terça-feira (2) a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, por tentativa de golpe de Estado em 2022.

Serão julgados o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus do chamado núcleo 1, ou crucial, que reúne aqueles que são considerados os principais integrantes da suposta organização criminosa denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). São eles:

  • os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa);
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Diante disso, há um receio entre os investidores de que uma possível condenação do ex-presidente leve o governo de Donald Trump a impor novas sanções contra integrantes do Supremo.

Durante o pregão desta terça-feira, as ações bancárias operavam em queda, já que o setor pode ser diretamente afetado por medidas previstas na Lei Magnitsky.

Confira as cotações por volta das 15h30:

  • Banco do Brasil (BBAS3): -3,56%
  • Bradesco (BBDC4): -1,34%
  • BTG Pactual (BPAC11): -0,47%
  • Itaú (ITUB4): -1,55%
  • Santander (SANB11): -0,04%

Os receios em torno da Lei Magnitsky também influenciaram na alta do dólar. “Com o julgamento de Bolsonaro em andamento, as expectativas de novas sanções por parte dos Estados Unidos tornam o mercado de câmbio mais vulnerável à volatilidade”, explica Marcio Riauba, responsável pela Mesa de Operações do StoneX Banco de Câmbio.

Ainda assim, o especialista ressalta que fatores externos também contribuíram para a valorização do dólar, em meio a um cenário global de maior cautela. “Esse movimento também foi influenciado pela alta do índice dólar (DXY), diante das preocupações fiscais no Reino Unido, França e Alemanha.”

Bolsas globais

Os principais índices de Wall Street atingiram a mínima de mais de uma semana nesta terça-feira, com os investidores retornando de um feriado preocupados com a legalidade das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aguardando dados econômicos cruciais.

O Dow Jones caía 0,61%, a 45.265,30 pontos. O S&P 500 tinha queda de 0,84%, a 6.406,16 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,92%, a 21.257,56 pontos.

Na Europa, a instabilidade fiscal em países como França e Reino Unido gerou preocupação nos mercados europeus nesta terça-feira (2). Esse cenário fez com que os juros subissem de forma significativa em algumas das principais economias da região.

Com isso, os principais índices europeus fecharam em queda. O Stoxx 600 caiu 1,47%, ficando em 543,35 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 2,29%, aos 23.487,33 pontos. O CAC 40, de Paris, perdeu 0,70%, encerrando em 7.654,25 pontos. Já o FTSE 100, de Londres, teve baixa de 0,87%, fechando em 9.116,69 pontos.

Na Ásia, os mercados foram influenciados pela realização de lucros nas ações de tecnologia, especialmente na China e em Hong Kong. Após uma forte valorização de empresas ligadas à inteligência artificial, investidores decidiram vender parte dos papéis, à espera do discurso do presidente Xi Jinping.

Na China, o índice de Xangai caiu 0,45%, fechando em 3.858 pontos, enquanto o CSI300 recuou 0,74%, para 4.490 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 0,47%, encerrando em 25.496 pontos. Já o Nikkei, em Tóquio, subiu 0,3%, atingindo 42.310 pontos.

O dólar opera cotado acima de R$ 6,00 no mercado à vista na manhã desta quarta-feira, 9, estendendo ganhos frente ao real pelo quarto pregão consecutivo, diante do acirramento da guerra comercial entre os EUA e a China. — Foto: Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo

O dólar opera cotado acima de R$ 6,00 no mercado à vista na manhã desta quarta-feira, 9, estendendo ganhos frente ao real pelo quarto pregão consecutivo, diante do acirramento da guerra comercial entre os EUA e a China. — Foto: Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo

*Com informações da agência de notícias Reuters