Lula fala em catástrofe humanitária, e Milei defende pressão de Trump sobre Venezuela

'Intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária', diz Lula

‘Intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária’, diz Lula

De um lado, Lula afirmou que a América do Sul voltou a ser “assombrada” pela presença militar de uma potência que não pertence à região. Para ele, uma intervenção armada dos EUA na Venezuela seria uma “catástrofe humanitária” e representaria um “precedente perigoso para o mundo”.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional”, afirmou.

“Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, acrescentou Lula.

Lula posa ao lado de Milei para foto de família do Mercosul

Lula posa ao lado de Milei para foto de família do Mercosul

Milei, por outro lado, defendeu a atuação do governo de Donald Trump, afirmando que o cerco à gestão de Nicolás Maduro, na Venezuela, busca “libertar” a população do país.

“A Argentina saúda a pressão dos Estados Unidos e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma aproximação tímida nesta matéria se esgotou”, disse Milei durante sua intervenção na cúpula realizada em Foz do Iguaçu.

O presidente argentino acrescentou que a Venezuela “continua padecendo de uma crise política, humanitária e social devastadora”. Ao endossar o discurso de Trump, ele chamou Maduro de “narcoterrorista”.

“A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro estende uma sombra escura sobre nossa região. Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no continente ou acabarão nos arrastando a todos”, continuou, ao declarar apoio ao envio militar dos EUA.

Presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, Brasil, em 20 de dezembro de 2025. — Foto: REUTERS/Kiko Sierich

Presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, Brasil, em 20 de dezembro de 2025. — Foto: REUTERS/Kiko Sierich

A ofensiva norte-americana

Cúpula do Mercosul. Da esquerda para a direita: o presidente do Panamá, José Raúl Mulino; o presidente da Argentina, Javier Milei; o presidente do Paraguai, Santiago Peña; o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do Uruguai, Yamandú Orsi; e o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Fernando Aramayo. Foz do Iguaçu (PR), no Brasil, em 20 de dezembro de 2025. — Foto: EVARISTO SA/AFP

Cúpula do Mercosul. Da esquerda para a direita: o presidente do Panamá, José Raúl Mulino; o presidente da Argentina, Javier Milei; o presidente do Paraguai, Santiago Peña; o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do Uruguai, Yamandú Orsi; e o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Fernando Aramayo. Foz do Iguaçu (PR), no Brasil, em 20 de dezembro de 2025. — Foto: EVARISTO SA/AFP

A cúpula do Mercosul, realizada neste sábado, reuniu líderes de diferentes correntes ideológicas. Entre os presidentes presentes, a esquerda foi representada por Lula e por Yamandú Orsi, do Uruguai. No campo da direita, estiveram:

  • o presidente do Panamá, José Raúl Mulino;
  • o presidente da Argentina, Javier Milei;
  • o presidente do Paraguai, Santiago Peña.

Além deles, representantes de outros países, incluindo ministros de Estado, participaram.

GIF selo home – mapa de ideologia política na América do Sul — Foto: arte/g1

Lula busca conversa com Trump

“Não queremos guerra no nosso continente. Todo dia tem uma ameaça no jornal e nós estamos preocupados. Agora, vai chegar o Natal e talvez eu tenha que conversar com Trump outra vez pra saber o que é possível o Brasil contribuir para um acordo diplomático e não para a guerra”, afirmou.

Na ocasião, o petista reiterou que pretende focar no diálogo.

“Eu tive a oportunidade de conversar com Maduro por quase 40 minutos, e depois com Trump. Falei para o Trump da preocupação do Brasil com a situação da Venezuela, que isso aqui é uma zona de paz, não é zona de guerra. Que as coisas não se resolvem dando tiro”, afirmou.

“Eu falei pro Trump: ‘Oh, Trump, fica mais barato conversar e menos sofrível conversar do que [fazer] guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países'”, relatou Lula.

Governo Trump sanciona familiares de Maduro e petróleo da Venezuela

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Infográfico mostra cerco dos EUA contra a Venezuela — Foto: Arte/g1

Infográfico mostra cerco dos EUA contra a Venezuela — Foto: Arte/g1