Netanyahu diz que 2ª fase do acordo de paz de Trump em Gaza está ‘muito perto’; etapa prevê desmilitarização do Hamas

Palestinos caminham entre os escombros de prédios destruídos, em meio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza. — Foto: Reuters

Palestinos caminham entre os escombros de prédios destruídos, em meio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza. — Foto: Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (7) que prevê passar “muito em breve” para a segunda fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, em vigor desde outubro no território palestino.

No entanto, o próprio Netanyahu disse, também neste domingo, que implementar a segunda fase será “difícil”. Isso porque o Hamas já indicou que só entregará as armas, o principal ponto desta etapa do acordo, se Israel deixar o território e grupos palestinos.

“Discutimos como acabar com o poder do Hamas em Gaza (…) Concluímos a primeira fase (…) Depois, prevemos passar muito em breve para a segunda fase, que é mais difícil ou igualmente difícil”, declarou Netanyahu neste domingo durante visita do chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, a Israel.

No sábado, dirigentes do Hamas se disseram dispostos a entregar suas armas na Faixa de Gaza a uma autoridade palestina que governe o território, com a condição de que termine a ocupação pelo Exército israelense.

“Nossas armas estão vinculadas à existência da ocupação e da agressão”, afirmou em comunicado o chefe negociador do Hamas e responsável pelo grupo terrorista em Gaza Khalil al Hayya. “Se a ocupação terminar, essas armas serão colocadas sob a autoridade do Estado“, acrescentou.

Veja os vídeos que estão em alta no g1

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Netanyahu lembrou que, de acordo com a primeira fase do acordo de cessar-fogo, o Hamas ainda deve devolver a Israel o último corpo de um refém retido em Gaza, o do israelense Ran Gvili — a etapa inicial previa a devolução da totalidade dos reféns que ainda estavam sob poder do grupo terrorista.

Na semana passada, o Hamas disse estar buscando o corpo em escombros do território palestino.

O premiê israelense não deu data para implementação da segunda fase, mas a etapa poderia entrar em vigor após a devolução do corpo. Entre os pontos previstos, estão:

  • O desarmamento do Hamas e a desmilitarização de Gaza;
  • O envio de uma força internacional para o território palestino;
  • A retirada do Exército israelense da Faixa de Gaza.

Depois disso, a terceira e última etapa, que prevê um governo temporário em Gaza e um fim gradual da guerra, seria implementada.

Alemanha garante apoio

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e o primeiro-ministro da Israel, Benjamin Netanyahu, durante entrevista coletiva à imprensa em 7 de dezembro de 2025. — Foto: Ariel Schalit/ Reuters

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e o primeiro-ministro da Israel, Benjamin Netanyahu, durante entrevista coletiva à imprensa em 7 de dezembro de 2025. — Foto: Ariel Schalit/ Reuters

O chanceler alemão reafirmou neste domingo o apoio da Alemanha a Israel durante uma visita ao memorial do Holocausto em Jerusalém.

Merz chegou a Israel no sábado para sua primeira visita diplomática desde sua posse, com o objetivo de consolidar a relação entre os dois países após algumas tensões devido à guerra na Faixa de Gaza e à violência de colonos judeus extremistas na Cisjordânia ocupada.

“A Alemanha deve defender a existência e a segurança de Israel. Isto permanecerá para sempre profundamente inscrito no vínculo que nos une”, declarou o chanceler no memorial Yad Vashem, destacando “a responsabilidade histórica” de seu país no extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Hamas critica e Netanyahu elogia plano de paz para Gaza aprovado por Conselho de Segurança da ONU

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Netanyahu diz que não deixará o poder

Também neste domingo, o premiê israelense afirmou que não pretende deixar o governo, em resposta a uma especulação que tem sido criada em seu país após o premiê solicitar o perdão presidencial para absolvê-lo de processos a que responde na Justiça.

Questionado por um repórter se planejava se aposentar da vida política caso recebesse o indulto do presidente israelense, Netanyahu respondeu: “não”. Em seguida, falando a Merz, disse: “os eleitores que vão decidir isso nas urnas”.

No mês passado, Netanyahu solicitou o indulto ao presidente Isaac Herzog — que, em Israel, cumpre a função de chefe de Estado. Os advogados do premiê argumentaram que os frequentes comparecimentos ao tribunal estavam prejudicando sua capacidade de governar e que o indulto seria benéfico para o país.

Em Israel, os indultos são geralmente concedidos somente após a conclusão dos processos judiciais e a condenação do acusado. Não há precedentes para a concessão de indulto durante o julgamento.

Netanyahu negou qualquer irregularidade em resposta às acusações que enfrenta — de suborno, fraude e quebra de confiança, e seus advogados afirmaram que o primeiro-ministro ainda acredita que o processo judicial, se concluído, resultará em sua absolvição completa.

Antes do pedido de Netanyahu, o presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu a Herzog, instando o presidente israelense a considerar a possibilidade de conceder um indulto ao primeiro-ministro.

Alguns políticos da oposição israelense argumentaram que qualquer indulto deveria ser condicionado à aposentadoria de Netanyahu da política e à confissão de culpa. Outros afirmaram que o primeiro-ministro deve primeiro convocar eleições nacionais, previstas para outubro de 2026.