Preço do café pode continuar caindo em 2026, mas não vai ficar barato

Preço do café pode continuar caindo em 2026, mas não vai ficar barato

Preço do café pode continuar caindo em 2026, mas não vai ficar barato

Para 2026, no entanto, a tendência é de queda dos valores — mas isso não significa que ficará barato.

Apesar de o clima ajudar a safra atual, os últimos anos foram marcados por colheitas ruins, causadas pelo calor e pela seca. Com isso, os cafezais ainda não se recuperaram o suficiente para atender toda a demanda, afirma o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro.

Melhores condições climáticas

As perspectivas climáticas para a segunda quinzena de dezembro e início de 2026 são positivas: as lavouras estão na fase de florada e a previsão é de chuva, condição ideal para essa etapa da produção, aponta Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro no Itaú BBA.

Se o volume de chuvas for adequado no primeiro trimestre do ano que vem, os grãos devem se desenvolver bem. Isso pode aumentar a produção brasileira de café arábica e ajudar a recompor os estoques globais. Até lá, porém, a oferta seguirá limitada.

O café arábica é a variedade mais produzida no Brasil, que aguenta uma temperatura entre 18°C e 22°C. Ele é mais popular, por ser considerado mais saboroso.

Apesar das perspectivas melhores, 2025 também trouxe desafios aos produtores. No Cerrado Mineiro, houve geadas e atraso no início das chuvas, aponta Ribeiro, do Cepea.

Segundo o pesquisador, não é possível confiar totalmente no clima. Após boas chuvas no fim de 2024, fevereiro e março deste ano tiveram 45 dias de calor e seca, o que prejudicou o fim da safra.

Ribeiro explica ainda que o café é um cultivo bienal. Isso significa que, após um ano de colheita, a produção do ano seguinte costuma ser menor, porque as plantas precisam se recuperar. Em 2026, muitos galhos ainda estarão em desenvolvimento e só ficarão prontos no verão.

“Por mais que o clima responda de um período pra cá, nós estamos vindo há 5 anos com o clima não tão bom assim. […] Grande parte dos talhões ainda está se recuperando”, diz.

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Estoques em baixa

A demanda por café está maior, enquanto os estoques seguem baixos no Brasil, aponta Alves, do Itaú BBA.

Para a safra 2026/2027, o Itaú BBA prevê que a produção mundial supere o consumo em 7 milhões de sacas. Antes disso, a disponibilidade de arábicas seguirá apertada e as exportações possivelmente limitadas.

Isso acontece porque a colheita começa em abril e o café só chega pronto ao mercado a partir de setembro.

A safra de 2025, por exemplo, já está negociada, sem margem para novos clientes, afirma Ribeiro.

“Não tem um alívio tão grande de estoques assim. O consumo vem crescendo, o mundo precisa de mais café, então a gente não espera preços muito menores”, afirma Alves, do Itaú.

Mais robusta

Em meio à seca e às altas temperaturas, produtores passaram a investir mais no café robusta. Apesar de menos popular, ele é mais resistente que o arábica.

Esses investimentos já refletem nas margens dos produtores, mas vão demorar para aparecer para os consumidores. Isso porque uma lavoura de café leva 2 anos para começar a dar frutos, diz o consultor do Itaú BBA.

Mesmo assim, já é mais comum o uso de maior proporção de robusta nos cafés que misturam os dois grãos, os chamados blends.

“Isso já ajudou a aliviar um pouco do preço para o consumidor”, afirma o economista.

“Ele ajuda nesse momento a atravessar esses próximos meses de pouco arábica no mundo e quem sabe, na próxima safra, o arábica tem uma produção melhor”, completa.

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