Quem é Ghislaine Maxwell, ex de Epstein chamada para depor sobre caso polêmico envolvendo Trump

Donald Trump se declara vítima de perseguição em caso Epstein

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O nome de Ghislaine Maxwell voltou ao noticiário internacional após ela ser convocada para prestar depoimentos ao número dois do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Todd Blanche. O encontro aconteceu em meio à pressão de aliados de Donald Trump, que acusam o governo de acobertar nomes ligados ao escândalo sexual de Jeffrey Epstein.

Atualmente com 63 anos, Ghislaine é filha de Elisabeth “Betty” Maxwell e do magnata da mídia britânico Robert Maxwell.

Ela cresceu com uma vída muito pública e era, segundo a mãe, Betty, a favorita entre os 7 filhos de Robert Maxwell.

Tendo estudado história moderna e línguas em Oxford, ela foi por décadas uma figura presente nos círculos da elite internacional, e conhecida seu charme e conexões.

Na década de 1990, Ghislaine Maxwell se aproximou do financista Jeffrey Epstein, com quem manteve um relacionamento amoroso e profissional. A parceria com Epstein, no entanto, a levou ao centro de um dos maiores escândalos de exploração sexual da história recente dos Estados Unidos.

Ghislaine Maxwell e Jeffrey Epstein — Foto: AFP; Reuters

Ghislaine Maxwell e Jeffrey Epstein — Foto: AFP; Reuters

Maxwell foi condenada em 2021 por crimes relacionados ao tráfico sexual de menores, incluindo conspiração para aliciar meninas para abuso sexual.

Ela foi sentenciada a 20 anos de prisão após ser considerada culpada de recrutar menores de idade entre 1994 e 2004 para serem exploradas por Epstein.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, ela ajudava Epstein a recrutar adolescentes, muitas vezes sob o pretexto de oferecer oportunidades de trabalho ou bolsas de estudo.

Atualmente, ela está cumprindo a sentença uma prisão federal de baixa segurança na Flórida.

Colaboração inédita com o Departamento de Justiça

Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell. — Foto: John Minchillo/Associated Press

Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell. — Foto: John Minchillo/Associated Press

Nesta semana, Ghislaine Maxwell participou de duas entrevistas com o vice-procurador-geral dos EUA, Todd Blanche, em Tallahassee. O encontro foi considerado altamente incomum, tanto pela presença de uma autoridade de tão alto escalão quanto pela disposição de Maxwell em colaborar. Segundo seu advogado, David Oscar Markus, ela “respondeu a todas as perguntas honestamente, com sinceridade e da melhor forma que pôde”.

Durante os dois dias de conversas, Maxwell foi questionada sobre cerca de 100 pessoas diferentes. “Ela nunca invocou um privilégio legal, nunca se recusou a responder a uma pergunta”, afirmou Markus.

A entrevista ocorreu nas proximidades da prisão onde ela cumpre pena, e não houve, até o momento, qualquer acordo formal de imunidade ou redução de pena em troca da colaboração.

Donald Trump e os ecos políticos do caso

Jeffrey Epstein e Donald Trump mantinham relação próxima em 1997. — Foto: Getty Images

Jeffrey Epstein e Donald Trump mantinham relação próxima em 1997. — Foto: Getty Images

A relação entre Maxwell, Epstein e Donald Trump continua sendo um ponto sensível. Trump e Epstein frequentavam os mesmos círculos sociais e foram vistos juntos em diversas ocasiões no passado. Questionado recentemente sobre a possibilidade de conceder clemência a Maxwell, Trump respondeu: “É algo em que eu não pensei”, embora tenha reconhecido que teria autoridade para fazê-lo.

A presença de Todd Blanche nas entrevistas também gerou controvérsia. Blanche atuou anteriormente como advogado de defesa de Trump em casos criminais, o que levantou suspeitas sobre possíveis interesses políticos por trás da iniciativa. Apesar disso, o Departamento de Justiça não comentou oficialmente sobre os objetivos da entrevista nem sobre eventuais benefícios concedidos a Maxwell.

Pressão por transparência e novas investigações

O caso Epstein continua gerando repercussões no Congresso dos EUA. Uma subcomissão da Câmara dos Deputados votou para intimar Maxwell a depor publicamente, e há pressão para que o governo libere documentos e registros de investigações anteriores. A defesa de Maxwell ainda não respondeu à intimação, mas indicou que ela estaria aberta a colaborar, especialmente se isso resultar em algum tipo de alívio em sua sentença.

“Ela acolheria qualquer forma de alívio”, disse seu advogado, ao ser questionado sobre a possibilidade de um indulto presidencial. A declaração foi interpretada como um sinal de que Maxwell estaria disposta a negociar, embora Markus tenha negado que haja qualquer acordo em andamento com a administração Trump.

O que esperar daqui para frente

Ainda não está claro se as informações fornecidas por Maxwell levarão a novas investigações ou acusações. O Departamento de Justiça afirmou anteriormente que uma revisão sistemática dos casos não encontrou evidências suficientes para abrir novos processos contra terceiros. No entanto, a disposição de Maxwell em falar pode mudar esse cenário.

“Ela não escondeu nada”, afirmou seu advogado. “Estamos orgulhosos de como ela conduziu esse processo”. A expectativa agora gira em torno de possíveis desdobramentos políticos e judiciais, especialmente diante da pressão pública por mais transparência sobre quem mais pode ter se beneficiado ou participado da rede de exploração sexual comandada por Epstein.