Secretário de Trump diz que EUA ‘não vão parar’ após ataque a barco no Caribe e manda recado a Maduro

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela — Foto: Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela — Foto: Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse nesta quarta-feira (3) que o governo Trump “não vai parar por aqui”, em relação ao ataque a barco venezuelano, e mandou recados ao presidente Nicolás Maduro.

Durante entrevista à TV americana “Fox News” nesta quarta, Hegseth rebateu acusações de ataque ser falso e afirmou que Maduro “deveria estar preocupado” e “tem algumas decisões a tomar, como se ainda quer ser um narcotraficante”.

“Definitivamente não foi inteligência artificial. Eu estava assistindo ao vivo [no momento do ataque], sabíamos exatamente o que estavam fazendo e o que representavam. (…) Trump está disposto a ir à ofensiva e enviou uma mensagem muito clara aos cartéis. (…) A única pessoa que deveria estar preocupada é Maduro, que é um chefão do tráfico que afeta o povo americano”, disse o secretário.

O ataque ocorre em meio a uma escalada de tensões entre EUA e Venezuela. O governo norte-americano enviou sete navios de guerra, um submarino nuclear e aviões espiões para o sul do Caribe. A Casa Branca alega que a operação tem como objetivo combater o tráfico de drogas. Maduro acusa os EUA de buscarem uma mudança de regime para entregar o país nas mãos da oposição.

Uma mudança de regime na Venezuela “é uma decisão de nível presidencial”, disse Hegseth, em referência a Trump. “Estamos preparados com cada recurso militar que nosso Exército dispõe”, completou. A Casa Branca deixou no ar se fará uma operação militar na Venezuela e já negou buscar uma mudança de regime, mas ao mesmo tempo prometeu usar “toda a força” contra Maduro.

Ataque no Caribe

Trump diz que EUA atiraram contra barco venezuelano

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O presidente dos EUA, Donald Trump, foi quem primeiro anunciou o ataque, que logo foi confirmado por outras autoridades do país.

“Na manhã de hoje, sob minhas ordens, as Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram um ataque cinético contra narcoterroristas do Tren de Aragua. (…) O ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos. (…) Que isso sirva como aviso para qualquer um que sequer pense em trazer drogas para os Estados Unidos da América. CUIDADO!”, afirmou Trump em publicação na rede social Truth Social.

Trump disse ainda que o grupo narcotraficante opera sob o controle de Maduro. Horas depois, o presidente venezuelano negou o ataque americano e disse que o vídeo divulgado por Trump foi produzido com inteligência artificial. Nesta quarta, Hegseth disse que o vídeo não é IA.

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Luta armada

Navio anfíbio USS Iwo Jima navegando no mar do Caribe em 28 de agosto de 2025. — Foto: Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos

Navio anfíbio USS Iwo Jima navegando no mar do Caribe em 28 de agosto de 2025. — Foto: Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos

Desde o primeiro mandato de Trump, o governo republicano acusa Maduro de ser o chefe do Cartel de los Soles, uma afirmação contestada, em parte, por analistas.

Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o aparato militar enviado pelos EUA para o sul do Caribe é incompatível com uma operação militar para combater o tráfico de drogas.

“Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado pra Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis”, aponta o cientista Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA.

Já Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar na Venezuela.

“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.

Na segunda-feira (20) Maduro afirmou que a Venezuela entrará em luta armada caso seja agredida pelos Estados Unidos. Ele chamou o envio das embarcações americanas à região de “a maior ameaça à América Latina do último século” e afirmou que a Venezuela não se curvará.

“Se a Venezuela for atacada, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional, da história e do povo venezuelano”, declarou.

Veja a seguir o que se sabe sobre a operação dos EUA:

  • Pelo menos sete navios dos EUA foram enviados para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais.
  • A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista.
  • Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele.
  • A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares, mas disse que o governo Trump vai usar “toda a força” contra Maduro.
  • O site Axios revelou que Trump pediu um “menu de opções” sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro.
  • Enquanto isso, Caracas vem mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque.

EUA enviam navios de guerra para o sul do Caribe — Foto: Editoria de Arte/g1

EUA enviam navios de guerra para o sul do Caribe — Foto: Editoria de Arte/g1

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