Tarifaço: comissão do Senado tenta prorrogação do prazo: ‘O não já temos, viemos atrás do sim’

Senadores mediam extensão de prazos para as tarifas

Senadores mediam extensão de prazos para as tarifas

Uma comitiva de senadores brasileiros está em Washington tentando convencer empresários e autoridades dos Estados Unidos a adiar a entrada em vigor das tarifas de 50% anunciadas pelo governo Trump contra produtos brasileiros.

Os parlamentares participaram de reuniões com a Câmara de Comércio dos EUA e ouviram de empresários norte-americanos que um manifesto em defesa da prorrogação do prazo pode ser publicado ainda nesta semana. A ideia é sensibilizar a Casa Branca sobre os impactos negativos da medida para os dois países.

“O ‘não’ nós já temos. Viemos atrás do ‘sim’”, disse o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). “Se vai mexer ou não, só tentando vamos saber.”

Dentre os argumentos levados pela comitiva, está o curto prazo — de apenas 15 dias — entre o anúncio e a implementação das tarifas, o que compromete produtos já embarcados do Brasil e impacta especialmente setores de perecíveis.

“São cargas que já tinham saído do Brasil. É difícil para qualquer setor se reorganizar diante de uma mudança abrupta dessas”, afirmou Trad.

Os senadores também afirmaram que o Brasil está disposto a abrir um canal direto de diálogo entre os presidentes Lula e Trump. Segundo os parlamentares, essa conversa já está “na mesa” e poderia ocorrer por telefone ou presencialmente.

Além da agenda comercial, a delegação brasileira ouviu de representantes do Partido Republicano e de conselheiros do governo dos EUA que há preocupação com a atuação do Brasil no BRICS, especialmente na área de tecnologia e defesa. Um dos senadores afirmou que Washington enxerga como ameaça a parceria brasileira com a China em projetos como cabos submarinos e redes de satélites.

A comitiva afirmou que está aberta a debater essas questões, mas reforçou que espera uma postura de igualdade na negociação.

A carta da Câmara de Comércio — caso se concretize — será enviada a autoridades do Executivo americano. Parlamentares disseram esperar que o documento fique pronto até o dia 1º de agosto, véspera da entrada em vigor das tarifas.