Venezuela condena nova apreensão de petroleiro pelos EUA: ‘Esses atos não ficarão impunes’

Governo Trump mostra ação que apreendeu segundo petroleiro vindo da Venezuela

Governo Trump mostra ação que apreendeu segundo petroleiro vindo da Venezuela

Em um comunicado oficial, o governo venezuelano afirmou que vai tomar “todas as medidas cabíveis”, incluindo buscar o Conselho de Segurança da ONU para prestar uma queixa contra os EUA, além de outras organizações multilaterais e governos.

“A República Bolivariana da Venezuela denuncia e rejeita categoricamente o roubo e sequestro de um novo navio privado que transportava petróleo venezuelano, bem como o desaparecimento forçado de sua tripulação, cometidos por militares dos Estados Unidos da América em águas internacionais”, começa o texto.

O documento termina prometendo: “Esses atos não ficarão impunes”.

Trump e Maduro — Foto: AP Photo/Evan Vucci; Reuters/Leonardo Fernandez

Trump e Maduro — Foto: AP Photo/Evan Vucci; Reuters/Leonardo Fernandez

A apreensão da embarcação por forças dos Estados Unidos aconteceu no fim da madrugada deste sábado e um vídeo da ação foi divulgado pela secretária da Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem.

“Os Estados Unidos continuarão a combater a movimentação ilícita de petróleo sob sanções, usada para financiar o narcoterrorismo na região”, escreveu Noem na rede social X.

Por que os navios estão sendo apreendidos?

A Venezuela concentra a maior reserva comprovada de petróleo do planeta, com capacidade de aproximadamente 303 bilhões de barris — ou 17% do volume conhecido —, segundo a Energy Information Administration (EIA), órgão oficial de estatísticas energéticas dos EUA.

Esse volume coloca o país à frente de gigantes como Arábia Saudita (267 bilhões) e Irã (209 bilhões), com ampla margem. Grande parte do petróleo venezuelano, porém, é extra-pesado, o que exige tecnologia sofisticada e investimentos elevados para extração.

🔎 Na prática, o potencial é enorme, mas segue subaproveitado devido à infraestrutura precária e às sanções internacionais que limitam operações e acesso a capital.

Há um claro interesse dos EUA. Segundo a EIA, o petróleo pesado da Venezuela “é bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às localizadas ao longo da Costa do Golfo”.

Nesse contexto, o republicano atinge dois objetivos simultaneamente: ao buscar favorecer a economia dos EUA, também pressiona a produção e as exportações de petróleo da Venezuela — setor central para a economia do país e para a sustentação do governo de Nicolás Maduro.

Desde que os Estados Unidos impuseram sanções ao setor de energia da Venezuela, em 2019, comerciantes e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer a uma “frota fantasma” de navios-tanque, que ocultam sua localização, e a embarcações sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia.

A China é a maior compradora do petróleo bruto venezuelano, que responde por cerca de 4% de suas importações. Em dezembro, os embarques devem alcançar uma média de mais de 600 mil barris por dia, segundo analistas consultados pela Reuters.

Por enquanto, o mercado de petróleo está bem abastecido, e há milhões de barris em navios-tanque ao largo da costa da China aguardando para serem descarregados.

Se o embargo permanecer em vigor por algum tempo, a perda de quase um milhão de barris por dia na oferta de petróleo bruto tende a pressionar os preços do petróleo para cima.

O ataque a petroleiros ocorre enquanto Trump ordenou ao Departamento de Defesa que realizasse uma série de ataques contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico que sua administração alega estarem contrabandeando fentanil e outras drogas ilegais para os Estados Unidos e além.

Pelo menos 104 pessoas foram mortas em 28 ataques conhecidos desde o início de setembro.