Venezuela inicia exercícios militares em ilha do Caribe em meio a tensões com os EUA

Venezuela inicia exercícios militares em ilha do Caribe em meio a tensões com os EUA

Venezuela inicia exercícios militares em ilha do Caribe em meio a tensões com os EUA

O ministro da Defesa da Venezuela anunciou que o país iniciou exercícios militares nesta quarta-feira (17), em meio às tensões com os Estados Unidos.

Em discurso na TV estatal, Vladimir Padrino López disse que o treinamento das Forças Armadas está acontecendo na ilha La Orchila, no norte do país, e que é uma resposta à “voz ameaçadora e vulgar” dos EUA.

“Vai haver deslocamentos da defesa aérea com drones armados, drones de vigilância, drones submarinos (…) Vamos implementar ações de guerra eletrônica. Estamos elevando nosso preparo operacional voltados para o Caribe”, afirmou.

A TV estatal também exibiu imagens das embarcações anfíbias e dos navios de guerra deslocados para La Orchila, onde funciona uma base da Marinha venezuelana.

Ministro da Defesa da Venezuela anuncia exercícios militares em ilha do Caribe — Foto: Reprodução

Ministro da Defesa da Venezuela anuncia exercícios militares em ilha do Caribe — Foto: Reprodução

Os exercícios, que se prolongarão por três dias, contam com 12 navios militares, 22 aeronaves e 20 embarcações de menor porte da “Milícia especial naval”, detalhou o vice-almirante da Marinha venezuelana Irwin Raúl Pucci.

A ilha La Orchila, um território de 43 quilômetros quadrados, encontra-se a 97 milhas náuticas do estado venezuelano de La Guaira e perto de onde os Estados Unidos interceptaram uma embarcação pesqueira venezuelana no fim de semana.

Maduro fala em agressão

Nicolás Maduro fala de 'agressão' dos Estados Unidos contra a Venezuela

Nicolás Maduro fala de ‘agressão’ dos Estados Unidos contra a Venezuela

Em um discurso para a imprensa nacional e do exterior, cinco semanas após o começo das tensões entre os dois países, Maduro falou das ameaças que vem recebido e disse que a Venezuela está apenas exercendo seu “direito legítimo à defesa”.

“Faz cinco semanas que a Venezuela foi ameaçada. O que fizemos nesse período? Unir, empoderar e treinar o povo venezuelano, e defender a nossa verdade. Muitos da mídia continuam classificando como tensão… Não é uma tensão. É uma agressão em todas as linhas: judicial – quando nos criminalizam -, política – com suas ameaças diárias -, diplomática e militar. E a Venezuela está, protegida pelas leis internacionais, para responder a essa agressão. Eles não estão lutando pela paz. Eles usam uma mentira como desculpa para justificar uma escalada militar e um ataque criminoso contra a Venezuela”, defendeu.

Nicolás Maduro em encontro com jornalistas — Foto: REUTERS

Nicolás Maduro em encontro com jornalistas — Foto: REUTERS

Ao defender sua decisão de convocar a população para treinamentos militares, Maduro enumerou todo o arsenal mobilizado pelos EUA:

“1.200 mísseis apontados para a Venezuela, um submarino nuclear, 10 jatos F-35 e, de acordo com a governadora de Porto Rico, toda a ilha pronta para invadir o nosso país”.

Sobre o cenário atual das comunicações entre seu governo e o americano, Maduro negou que exista qualquer tipo de negociações entre eles:

“As comunicações foram desfeitas por eles com suas ameaças de bombas, morte e chantagem”.

Venezuelanos convocados

De farda militar, Maduro pede redução de tensões para prevenir conflito militar com EUA.

De farda militar, Maduro pede redução de tensões para prevenir conflito militar com EUA.

Maduro acusa os EUA de tentarem interferir em governos da América Latina em uma operação disfarçada de luta contra o narcotráfico. Em discurso inflamado durante um ato na sexta-feira (12), ele disse ainda ter mobilizado “fuzis, tanques e mísseis” para uma eventual defesa de ataques vindos dos navios norte-americanos.

“Todas as armas que a República possui para se defender — fuzis, tanques e mísseis — foram mobilizados por todo o país para defender nosso direito à paz. Quem quer paz, prepare-se para defendê-la”, proclamou.

O presidente venezuelano também ordenou o envio de pelo menos 25 mil efetivos das Forças Armadas a estados fronteiriços com a Colômbia e o Caribe. Convocou ainda os cidadãos a se alistarem na Milícia Bolivariana, um corpo armado composto por civis, para somar fileiras.

Segundo publicações militares especializadas, como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a Milícia na Venezuela dispõe de cerca de 212 mil efetivos, que se somam aos 123 mil soldados dos outros quatro ramos das forças armadas.

Mas generais reformados consultados pela agência de notícias AFP estimam que, na realidade, apenas cerca de 30 mil milicianos estão bem treinados e armados nesta força altamente ideologizada, formada principalmente por aposentados, funcionários públicos e membros do Partido Socialista.

Embarcações enviadas pelos EUA ao sul do Caribe — Foto: Arte/g1

Embarcações enviadas pelos EUA ao sul do Caribe — Foto: Arte/g1