Chanceler do Irã responde Trump e alfineta Israel: ‘Teve de correr para o papai para não ser esmagado pelos nossos mísseis’

Presidente dos EUA, Donald Trump, diz que 'sem dúvida nenhuma' voltaria a atacar o Irã caso o país continue enriquecendo urânio, durante coletiva na Casa Branca em 27 de junho de 2025. — Foto: REUTERS/Ken Cedeno

Presidente dos EUA, Donald Trump, diz que ‘sem dúvida nenhuma’ voltaria a atacar o Irã caso o país continue enriquecendo urânio, durante coletiva na Casa Branca em 27 de junho de 2025. — Foto: REUTERS/Ken Cedeno

Em uma mensagem divugada na rede social X, Araqchi disse que os iranianos “sabem seu valor, valorizam sua independência e nunca permitem que ninguém decida nosso destino”.

“Se o presidente Trump for sincero ao querer um acordo [em relação ao programa nuclear], ele deveria deixar de lado o tom desrespeitoso e inaceitável em relação ao líder supremo do Irã, o Grande Aiatolá Khamenei, e parar de ferir seus milhões de seguidores sinceros”, diz a nota.

Ele aproveitou também para alfinetar Israel: “O grande e poderoso povo iraniano, que mostrou ao mundo que o regime israelense NÃO TINHA ESCOLHA a não ser CORRER para o ‘papai’ para evitar ser esmagado por nossos mísseis, não aceita ameaças e insultos com bons olhos”.

Araqchi disse também que o Irã não hesitará em “revelar suas reais capacidades” militares no futuro.

“O papai às vezes precisa usar uma linguagem mais dura”, disse Rutte, referindo-se a Trump.

Trump elogiou bombardeio

Em coletiva na Casa Branca, Trump voltou a dizer que os EUA tiveram uma grande vitória na guerra, travada entre o Israel e Irã durante 12 dias e com um bombardeio americano a instalações nucleares iranianas. O republicano insistiu que os iranianos não vão mais ter programa nuclear, e quando perguntado sobre a possibilidade de voltar a atacar o Irã caso Teerã continue enriquecendo urânio, ele disse “sem dúvida nenhuma, com certeza”.

“A guerra foi uma tremenda vitória. Vínhamos falando por 30 anos que o Irã se tornaria um país [com arma] nuclear, e finalmente atacamos. Assim que as bombas foram lançadas, a guerra acabou”, afirmou Trump.

O Irã também nega encerrar seu programa nuclear, que afirma ter fins exclusivamente pacíficos, e afirma ter legítimo direito de enriquecer urânio. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU de supervisão nuclear, relatou urânio enriquecido acima dos níveis permitidos por acordos internacionais no Irã —mesmo que não tenha encontrado nenhuma evidência de bomba nuclear.

Durante a coletiva, Trump disse que gostaria de ver inspetores da AIEA ou de outra fonte confiável inspecionando as instalações nucleares iranianas atingidas pelos bombardeios americanos no fim de semana passado —Natanz, Fordow e Isfahan, as três principais do Irã.

A AIEA pediu diversas vezes desde o início do cessar-fogo acesso às instalações nucleares do Irã para inspecionar danos causados pelos 12 dias de ataques e os níveis de radiação em cada um dos locais, porém o governo iraniano tem resistido e nesta sexta-feira chamou o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, de “inconveniente, até mal-intencionado”. O Irã suspendeu a cooperação com a AIEA após a guerra.

Em primeiro pronunciamento após ataque americano, líder do Irã canta vitória sobre Israel

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Ataques foram ‘apenas uma prévia’, diz Israel

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou nesta sexta-feira (27) que os ataques ao Irã durante a guerra de 12 dias foram “apenas uma prévia”, e que pediu ao Exército a criação de um “plano de dissuasão contínuo” contra o regime iraniano de Ali Khamenei.

“Instruí as Forças de Defesa de Israel a preparar um plano de dissuasão contra o Irã (…) e atuaremos continuamente para neutralizar ameaças iranianas. Sugiro que o chefe [Khamenei] da serpente, já sem dentes, em Teerã, entenda e tome cuidado: a ‘Operação Leão em Ascensão’ [nome dado ao conflito contra Irã] foi apenas a prévia de uma nova política israelense — após o 7 de outubro, a imunidade acabou”, afirmou Katz em publicação na rede social X.

Katz disse ainda que o plano inclui ações como manter a superioridade aérea israelense no Oriente Médio, impedir o avanço dos programas nuclear e de mísseis iranianos, e reagir contra o rival pelo que chamou de “apoio a atividades terroristas contra” Israel, mas não deu mais detalhes.

A imprensa israelense afirmou que o Mossad, a agência secreta de Israel, emitiu nesta sexta-feira uma mensagem direcionada à população iraniana. No texto, escrito em Farsi, a agência pediu que as pessoas fiquem longe de instalações e membros da Guarda Revolucionária do Irã —especialmente se ouvirem “som parecido com o de um cortador de grama vindo do céu”, em alusão a um ataque de míssil.

O comandante das Forças Aéreas israelenses, o general Tomer Bar, afirmou que o país tem atualmente a habilidade de “ter aeronaves sobre Teerã (capital iraniana) sempre que escolhermos”, algo que considerou ser um “fator decisivo”. Durante o conflito, os bombardeios israelenses também destruíram defesas aéreas do rival, o que fez o premiê Benjamin Netanyahu e Trump reivindicarem “total controle” sobre o espaço aéreo do Irã.

Israel Katz, ministro da Defesa israelense. — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Israel Katz, ministro da Defesa israelense. — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun