Ataques ao Irã foram ‘apenas uma prévia’, diz ministro da Defesa israelense

Israel Katz, ministro da Defesa israelense. — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Israel Katz, ministro da Defesa israelense. — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou nesta sexta-feira (27) que os ataques ao Irã durante a guerra de 12 dias foram “apenas uma prévia”, e que pediu ao Exército a criação de um “plano de dissuasão contínuo” contra o regime iraniano de Ali Khamenei.

“Instruí as Forças de Defesa de Israel a preparar um plano de dissuasão contra o Irã (…) e atuaremos continuamente para neutralizar ameaças iranianas. Sugiro que o chefe [Khamenei] da serpente, já sem dentes, em Teerã, entenda e tome cuidado: a ‘Operação Leão em Ascensão’ [nome dado ao conflito contra Irã] foi apenas a prévia de uma nova política israelense — após o 7 de outubro, a imunidade acabou”, afirmou Katz em publicação na rede social X.

Katz disse ainda que o plano inclui ações como manter a superioridade aérea israelense no Oriente Médio, impedir o avanço dos programas nuclear e de mísseis iranianos, e reagir contra o rival pelo que chamou de “apoio a atividades terroristas contra” Israel, mas não deu mais detalhes.

A imprensa israelense afirmou que o Mossad, a agência secreta de Israel, emitiu nesta sexta-feira uma mensagem direcionada à população iraniana. No texto, escrito em Farsi, a agência pediu que as pessoas fiquem longe de instalações e membros da Guarda Revolucionária do Irã —especialmente se ouvirem “som parecido com o de um cortador de grama vindo do céu”, em alusão a um ataque de míssil.

O comandante das Forças Aéreas israelenses, o general Tomer Bar, afirmou que o país tem atualmente a habilidade de “ter aeronaves sobre Teerã (capital iraniana) sempre que escolhermos”, algo que considerou ser um “fator decisivo”. Durante o conflito, os bombardeios israelenses também destruíram defesas aéreas do rival, o que fez o premiê Benjamin Netanyahu e Trump reivindicarem “total controle” sobre o espaço aéreo do Irã.

Exército de Israel estava pronto para matar Khamenei, diz ministro

Montagem mostra Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. — Foto: Ronen Zvulun/Reuters; Gabinete do Líder Supremo do Irã/WANA (Agência de notícias do Oeste Asiático)/Divulgação via Reuters

Montagem mostra Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. — Foto: Ronen Zvulun/Reuters; Gabinete do Líder Supremo do Irã/WANA (Agência de notícias do Oeste Asiático)/Divulgação via Reuters

Israel Katz fez novas ameaças ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, nesta semana e afirmou que seu Exército estava preparado para o matar, caso a oportunidade surgisse durante o conflito direto que israelenses e iranianos travaram durante 12 dias.

“Se estivesse em nossa mira, teríamos o eliminado”, disse Katz à rádio estatal israelense “Kan” na noite de quinta-feira, acrescentando que o Exército o “procurou intensamente”.

“Khamenei entendeu isso, foi para o subsolo e cortou o contato com os comandantes”, disse Katz, acrescentando que não foi possível alcançar o objetivo.

Katz fez comentários semelhantes em duas emissoras de televisão israelenses, o “Channel 12” e o “Channel 13”.

Durante a guerra, Katz havia afirmado —após ataque iraniano que atingiu o hospital Soraka, no sul do país— que seu país “não poderia permitir que Khamenei continuasse existindo”.

Porém, o ministro israelense afirmou ao “Channel 13” que Israel não pretende mais matar o líder iraniano porque “há uma diferença entre antes e depois do cessar-fogo”.

No entanto, Katz continuou a fazer ameaças a Khamenei, como seu conselho ao aiatolá para permanecer no bunker. “Ele deveria se inspirar no falecido (Hassan) Nasrallah, que permaneceu em um bunker por muito tempo. Recomendo que faça o mesmo”, disse em referência ao ex-líder do grupo rebelde libanês Hezbollah, aliado do Irã, morto em um ataque a Beirute em setembro de 2024.

Katz afirmou que seu país mantém a superioridade aérea sobre o Irã e está pronto para atacar novamente, se necessário. “Não permitiremos que o Irã desenvolva armas nucleares e ameace Israel com mísseis de longo alcance”, disse ao “Channel 12”.

Em primeiro pronunciamento após ataque americano, líder do Irã canta vitória sobre Israel

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Katz admitiu que Israel não sabia a localização dos estoques de urânio enriquecido do Irã, mas afirmou que os ataques às instalações nucleares destruíram as capacidades de enriquecimento de Teerã.

“O material em si não estava programado para ser neutralizado (…) Neutralizamos as capacidades nucleares e de desenvolvimento de mísseis do Irã e destruímos todas as fábricas de mísseis”, disse Katz ao “Channel 12”, e acrescentou que o país “não permitirá” que o Irã reconstrua seus programas nuclear e de mísseis.

Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã em 13 de junho, desencadeando uma guerra interrompida após 12 dias por um cessar-fogo anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, cujo país também participou da campanha militar.

Os Estados Unidos e Israel afirmaram que seu objetivo era interromper o programa nuclear iraniano, que, segundo potências ocidentais, busca desenvolver uma bomba atômica, apesar de Teerã garantir que se destina a fins civis.